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Blastocisto de quimera de humano e macaco
Blastocisto de quimera de humano e macaco| Foto: Reprodução / Weizhi Ji / Universidade de Ciência e Tecnologia Kunming

Eles disseram que não fariam isso, mas é claro que fizeram. Cientistas que trabalham na China – onde mais? – construíram embriões que são parte humanos e parte macacos. Da reportagem da Nature:

No estudo, os pesquisadores fertilizaram óvulos extraídos de macacos-cinomolgos (Macaca fascicularis) e os cultivaram em laboratório. Seis dias após a fertilização, a equipe injetou em 132 embriões células-tronco pluripotentes humanas estendidas, que podem crescer e se transformar em uma variedade de tipos de células dentro e fora de um embrião. Cada embrião desenvolveu combinações únicas de células humanas e de macaco e se deteriorou em taxas variáveis: 11 dias após a fertilização, 91 estavam vivos; a taxa caiu para 12 embriões no 17º dia e para 3 embriões no 19º dia.

Isso está ficando fora de controle. Primeiro, cientistas dos Estados Unidos e de outros países ocidentais vão à China para conduzir experimentos para os quais não conseguiram financiamento do governo – uma corrida que o bioeticista de Stanford William Hurlbut chama de "terceirização da ética".

Em segundo lugar, este trabalho ultrapassa limites morais cruciais. Essas células parte humanas parte de macacos não seriam apenas tecido ósseo ou renal, mas também neurônios cerebrais. Além disso, não estamos falando de camundongos ou ratos, mas de macacos, que têm uma afinidade genética muito mais próxima com os humanos. O que pode resultar dessa combinação? Eu não acho que deveríamos descobrir.

Em terceiro lugar, até mesmo os cientistas estão preocupados com a propriedade ética desse trabalho – mas eles têm resistido a regulamentações internacionais vinculantes. De fato, a Sociedade Internacional de Pesquisa com Células-Tronco publicará novas "diretrizes" voluntárias para orientar esse tipo de trabalho:

Enquanto isso, as diretrizes internacionais estão acompanhando os avanços do setor – no mês que vem, a Sociedade Internacional de Pesquisa com Células-Tronco (ISSCR) deve publicar as diretrizes revisadas para a pesquisa com células-tronco. Elas vão tratar de quimeras de humanos e de primatas não-humanos, diz Hyun, que coordena um comitê do ISSCR que discute quimeras. As diretrizes desse grupo atualmente proíbem os pesquisadores de permitir que quimeras humano-animal se procriem. Além disso, o grupo recomenda uma supervisão adicional quando houver a possibilidade de que células humanas se integrem ao sistema nervoso central em desenvolvimento de um hospedeiro animal.

Você consegue ver como essas normas são frouxas?

Mas mesmo essas diretrizes fracas são inúteis se os cientistas estiverem dispostos a arriscar a exclusão social de seus pares para fazer experiências – como no caso da engenharia genética de bebês humanos nascidos, o que, não por coincidência, também aconteceu na China.

Já passou da hora de se criar leis vinculativas para governar e restringir a biotecnologia. O governo do ex-presidente americano Donald Trump abdicou de seu papel de liderança nessa questão. Não me lembro de Trump ter mencionado o problema nenhuma vez.

E certamente não estou confiante na vontade de Biden de efetivamente envolver-se na questão ou de sair em defesa de uma rigorosa propriedade ética. Mas alguém precisa fazer isso. Caso contrário, os cientistas simplesmente passarão tranquilos para o Admirável Mundo Novo e terão resultados tanto previsíveis quanto desconhecidos.

©2021 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês

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