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usina de itaipu
Governos brasileiro e paraguaio vão se reunir para tratar do acordo sobre a contratação da potência da usina de Itaipu| Foto: Frederick Moschkowich/Pixabay

O jornal paraguaio ABC Color publicou nesta terça-feira (13) documentos que detalham as negociações entre o governo do Paraguai e a empresa brasileira Léros Energia, supostamente ligada a aliados do presidente Jair Bolsonaro, para compra de energia elétrica do país vizinho.

Em uma proposta datada de 27 de julho e assinada pelo diretor da Léros, Kleber Ferreira, a empresa faz uma oferta para comprar energia da Ande (Administração Nacional de Energia, a estatal energética paraguaia) por US$ 31,50 o megawatt-hora (Mwh). O jornal também informou que executivos da Léros realizaram pelo menos duas viagens ao Paraguai em aviões privados em abril e junho deste ano, nas quais estava presente o empresário Alexandre Giordano, suplente do senador Major Olímpio, do PSL, partido de Bolsonaro.

As informações, porém, vão de encontro a uma recente nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil, a qual afirma ser "sem fundamento" a especulação sobre a possibilidade de comercialização da energia da usina por parte de outra empresa que não a Eletrobras e a Ande, já que o Tratado de Itaipu somente permite a venda da energia produzida para as duas estatais.

O ex-presidente da Ande Pedro Ferreira explicou que, durante as negociações dos contratos de energia com o governo brasileiro, estava em discussão uma cláusula que permitiria que o Paraguai vendesse sua energia excedente ao mercado livre - e não à Eletrobras.

O vice-presidente do Paraguai, Hugo Velázquez, disse que isso desencadeou o chamamento de empresas interessadas em comprar energia paraguaia, o que foi confirmado pela Léros posteriormente. Pelo menos outras duas empresas, uma da Argentina e outra da Coreia do Sul, manifestaram interesse em comercializar a energia paraguaia. Porém, esse dispositivo foi excluído do acordo final - que já foi anulado pelos governos brasileiro e paraguaio quando a crise veio à tona no país vizinho.

Para a oposição paraguaia, a exclusão deste tópico do acordo evidencia o favorecimento da Léros, pois impediria a Ande de gerenciar a comercialização de energia com outras empresas brasileiras. Em mensagens de Whatsapp entregues por Ferreira ao MP, o advogado Joselo Rodríguez, que se dizia representante do vice-presidente Velázquez, dá a entender que o próprio Velázquez e o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, decidiram retirar esta cláusula do acordo após conversar com o "alto mando" do país vizinho, sob a justificativa de não levar a conhecimento público a intenção do Paraguai de comercializar energia no mercado privado brasileiro. Segundo Joselo, já haveria um acordo verbal entre os mandatários brasileiro e paraguaio sobre isso. Nas mensagens, ele também vinculava a empresa Léros ao "governo brasileiro".

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