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| Foto: NICHOLAS KAMM/AFP

Grandes empresas aéreas como a alemã Lufthansa e a Emirates Airlines estão modificando a lista de disponibilidade de suas tripulações para fazer com que seus funcionários não sejam afetados pela ordem do presidente americano Donald Trump de impedir a entrada de imigrantes de sete países predominantemente muçulmanos: Síria, Iraque, Irã, Sudão, Somália, Iêmen e Líbia.

A Emirates, maior aérea do mundo, afirmou que implementou “os ajustes necessários” às rotas já que a medida americana também se aplica a equipes de bordo dos determinados países. Já a companhia alemã, a terceira maior da Europa, disse que está se adaptando à nova política dos EUA, pois o decreto afeta os funcionários que detém dois passaportes.

Companhias aéreas globais estão entre as mais afetadas pela interdição de Trump, já que os setes países-alvo têm poucos ou nenhum voo direto para os Estados Unidos, fazendo com que seus habitantes precisem se conectar ao país pelo Leste da Europa ou pela região do Golfo Pérsico. Por meio do hub da KLM em Amsterdã, sete pessoas com vistos válidos foram impedidas de entrar nos EUA no sábado.

Trump enfrenta primeiro teste após decreto anti-imigração

Trump enfrentava grandes protestos após seu controverso decreto para fechar as fronteiras dos Estados Unidos aos refugiados e cidadãos de sete países muçulmanos. A medida recebeu críticas de aliados, gerou confusão sobre sua implementação e galvanizou a oposição democrata, que busca formas de derrotá-lo. Também havia uma crescente inquietação dentro do Partido Republicano.

Quatro juízes federais emitiram decisões para deter as deportações, enquanto 300 pessoas foram detidas ou impedidas de viajar no mundo. Enquanto isso, advogados de organizações de defesa dos direitos civis advertiam que a batalha legal pode chegar à Suprema Corte de Justiça.

Milhares de barulhentos manifestantes protestaram no domingo nos principais aeroportos do país pelo segundo dia consecutivo em apoio aos imigrantes e refugiados.

“Só espero que possamos superar este período difícil mantendo nossos valores como país”, disse Saif Rahman, um cidadão americano de 38 anos nascido no Iraque, que precisou atravessar controles adicionais depois de chegar ao aeroporto de Dulles, em Washington.

O decreto, que entrou em vigor na sexta-feira, proíbe a entrada de refugiados durante 120 dias, seja qual for sua origem, e durante 90 dias a cidadãos de sete países muçulmanos: Iraque, Irã, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iêmen.

Ao menos 109 pessoas foram detidas desde sexta-feira ao chegar aos Estados Unidos, embora tivessem um visto válido. Não estava claro quantas delas permaneciam retidas no domingo.

Assessores de Trump minimizaram o número “a um par de dezenas”, enquanto o Canadá ofereceu residência temporária àquelas que não puderam viajar aos Estados Unidos e ficaram bloqueadas no país.

Sob fogo em todos os fronts, Trump emitiu uma nota oficial na qual nega que o decreto seja contra os muçulmanos e critica a imprensa. “Para ser claro, não se trata de uma proibição que seja contra os muçulmanos, como os meios de comunicação informam falsamente”, expressou Trump. “Isso não tem nada a ver com a religião, trata-se de terrorismo e da segurança de nosso país”.

Mas a decisão de Trump provocou a maior comoção desde sua posse.O presidente depois recorreu ao Twitter para criticar os senadores republicanos John McCain e Lindsey Graham, que criticaram o decreto. Disse que estavam equivocados, que eram fracos em matéria de imigração e que “buscavam provocar a Terceira Guerra Mundial”.

As detenções nos aeroportos americanos deixaram famílias divididas: um pai não pôde assistir ao casamento de seu filho, uma avó não pôde se reunir com seus netos.

O Irã, que classificou a medida de “presente para os extremistas”, é até agora um dos países mais atingidos devido à quantidade de iranianos que têm vistos de trabalho ou estudo dos Estados Unidos. Em resposta, Teerã instaurou medidas similares contra os americanos.

Protestos

Os refugiados são bem-vindos!”, vociferaram no domingo 10.000 pessoas em um parque nova-iorquino com vista para a Estátua da Liberdade, símbolo da chegada de imigrantes ao país desde 1886.Milhares protestaram diante da Casa Branca.

“Tomar uma parcela inteira do mundo e dizer que não são bem-vindos, que são nossos amigos, convida à violência. Não somos assim nos Estados Unidos”, disse Tal Zlotnitsky, que tem dupla nacionalidade israelense-americana.

Os protestos se sucederam no terminal Dulles de Washington e em aeroportos de Los Angeles, Orlando e Sacramento. Centenas protestaram em Boston, enquanto eram organizadas marchas em Atlanta, Denver, Kansas City e Seattle.

Enquanto Trump citava os atentados de 11 de setembro de 2001 para explicar as restrições, nenhum dos países dos quais os criminosos eram provenientes - Egito, Líbano, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos - foi incluído no decreto. Todos estes países são aliados de Washington.

A incerteza reinava sobre a implementação do decreto. Alguns detentores do “green card” de residência permanente nos Estados Unidos disseram ter sido impedidos de viajar ou ter sido devolvidos.

Mas o governo de Trump esclareceu oficialmente no domingo que os residentes permanentes não estavam incluídos na proibição, que afeta quem tem dupla nacionalidade.

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