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Em um movimento inesperado, o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, disse estar disposto a conversar com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump | -
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Em um movimento inesperado, o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, disse estar disposto a conversar com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump| Foto: - AFP

O  presidente Donald Trump aceitou a proposta de encontro com o líder norte-coreano Kim Jong-Un, para conversar em maio. O anúncio foi feito pelo diretor de segurança nacional da Coreia do Sul, Chung Eui-yong, nesta quinta-feira (8), na Casa Branca, após um encontro com o presidente americano. 

A decisão é considerada um avanço extraordinário tendo-se em conta os últimos meses de tensão nuclear, durante o qual os dois líderes trocaram frequentes ameaças militares e insultos. Kim, surpreendentemente, também se comprometeu a interromper o seu programa de testes nucleares e de mísseis, mesmo durante exercícios militares conjuntos na Coreia do Sul, marcados para o próximo mês. 

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Depois de um ano em que a Coreia do Norte fez ameaças de utilizar mísseis balísticos intercontinentais contra os Estados Unidos e confirmou ter pronta uma bomba de hidrogênio, tal moratória seria bem-vinda para os Estados Unidos e o mundo. 

Mas também existe um risco significativo para Trump em concordar com a reunião, sem os requisitos impostos pelos governos anteriores dos EUA. Nunca houve uma reunião entre presidentes desses dois países, nem mesmo um telefonema, porque os presidentes americanos não queriam oferecer ao regime de Kim qualquer sinal de aprovação em suas atitudes, com repercussão no cenário global. 

Um alto funcionário da Casa Branca disse que a mensagem do líder norte-coreano incluiu um “compromisso com a desnuclearização” e enfatizou que os Estados Unidos exigirão a fiscalização de que a Coreia do Norte cumprirá qualquer acordo que possa ser feito. Trump teria dito aos assessores que, mesmo com as negociações, o país deve manter as severas sanções econômicas impostas ao país no ano passado e também pela ONU. 

As notícias surpreenderam as autoridades em Washington e os analistas de política externa que, no mês passado, estavam preocupados com a possibilidade de uma conflagração militar na península coreana. Trump e Kim passaram todo o ano de 2017 trocando fartas e declarações beligerantes. Trump, por exemplo, zombou de Kim chamando-o de “Little Rocket Man” (“pequeno homem do foguete”) e prometeu “destruir totalmente” a Coreia do Norte. Kim, por sua vez, chamou o presidente americano de “senil” e “lunático”, ameaçando lançar bombas nucleares em direção à capital dos EUA, Washington D.C. 

Mas o diálogo renovado entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul para as Olimpíadas de Inverno no mês passado ofereceu uma abertura. Kim “expressou sua ânsia de conhecer o presidente Trump o mais rápido possível”, disse Chung a jornalistas durante uma breve declaração fora da Casa Branca depois de sair do encontro com Trump.

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Preparação 

A Casa Branca confirmou que Trump aceitou o convite de Kim, mediado pelo líder norte-coreano. “O presidente Trump agradece muito as belas palavras da delegação sul-coreana e do presidente Moon [Jae-in]. Ele aceitará o convite para se encontrar com Kim Jong Un em um lugar e hora ainda não determinados”, informou a secretária de imprensa da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders. “Esperamos a desnuclearização da Coreia do Norte. Enquanto isso, todas as sanções e a pressão máxima devem permanecer”. 

Trump elogiou, no Twitter, a possibilidade do encontro. “Grandes progressos estão sendo feitos, mas as sanções permanecerão até que um acordo seja alcançado. Reunião sendo planejada!”, ele escreveu. 

Antigos funcionários dos EUA advertiram que a Coreia do Norte fez promessas antes apenas para quebrá-las. Durante o segundo mandato do presidente George W. Bush, depois de conversações com os Estados Unidos e várias outras nações, a Coreia do Norte concordou em congelar partes de seu programa nuclear em troca do levantamento de algumas sanções econômicas. Então, violou o acordo testando mais mísseis. 

Danny Russel, que atuou como diretor para a Ásia no Conselho de Segurança Nacional na gestão do presidente Barack Obama, observou que o regime de Kim tenta negociar com os EUA como forma de ganhar legitimidade em seu programa de energia nuclear. 

“Eles estão procurando a legitimação e a validação do presidente dos Estados Unidos, e isso não é novo. E não é inconsistente com sua estratégia de procurar ser tratado como a antiga União Soviética, buscando ser aceito como um par nuclear”, disse Russel.

Qualquer encontro entre Trump e Kim será histórico. O ex-presidente Jimmy Carter conheceu o avô de Kim, Kim Il Sung; e o ex-presidente Bill Clinton conheceu seu pai, Kim Jong Il - durante as visitas a Pyongyang depois que eles deixaram o governo. Tanto Carter quanto Clinton também foram a Pyongyang para interceder por americanos que haviam sido presos pelo regime.

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