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Apenas 0,33% dos médicos de Cuba são geriatras e maioria dos idosos depende da previdência | Claudia Daut/Reuters
Apenas 0,33% dos médicos de Cuba são geriatras e maioria dos idosos depende da previdência| Foto: Claudia Daut/Reuters

O precipitado envelhecimento populacional de Cuba desafia seu futuro com a mesma urgência da crise econômica ou a mudança climática e pressiona políticas que lidem com o inédito desafio de ser um país muito antigo e subdesenvolvido.

Os dados do fenômeno são contundentes há anos: a população decresce, a fecundidade é baixa, a expectativa de vida elevada (78 anos) e o saldo migratório externo é negativo.

Atualmente, 18,3% dos 11,1 milhões de habitantes da ilha caribenha têm mais de 60 anos, mas em 2030 o número chegará a 30% e Cuba pode se tornar o país mais envelhecido da América.

Um estudo realizado pelo Escritório Nacional de Estatísticas (ONE) a partir do último censo de população revelou que entre 1953 e 2012 as pessoas com 60 anos ou mais quadruplicaram na ilha, uma situação não vista até agora "em nenhum país do mundo".

O governo de Raúl Castro teve de encarar o fenômeno sem contar com experiências similares e no meio do complexo cenário econômico e social no qual impulsiona seu plano de reformas para "atualizar" o socialismo cubano.

Em outubro, o Conselho de Ministros anunciou a aprovação de uma nova política demográfica que estimulará a fecundidade e favorecerá o atendimento a idosos, embora ainda não tenham sido divulgados os detalhes.

Nos últimos anos, o governo estendeu a idade de aposentadoria, aumentou as pensões (continuam sendo muito baixas em um país onde o salário médio é de cerca de US$ 20 mensais, ou R$ 53) e permitiu a reincorporação de aposentados a alguns setores, como a educação.

Mas o desafio é enorme para um país com dificuldades crônicas – como transporte público, moradia, deterioração de infraestruturas, escassez de produtos e altos preços de alimentos – que multiplicarão seu impacto no longo prazo em uma sociedade envelhecida.

Dados do Ministério da Saúde Pública indicam que dos mais de 83 mil médicos existentes em Cuba em 2013, apenas 279, 0,33%, eram especialistas em Geriatria e Gerontologia.

O censo de 2012 computou que em 9% dos lares cubanos vivem, pelo menos, três gerações, enquanto em 12,6% residem idosos sozinhos.

Neste ano, o Estado expandiu o orçamento para garantir essas ajudas "técnicas" mediante suas instituições, e reformar e aumentar lares para idosos e centros diurnos.

Em uma pesquisa concluída em 2011, 71% dos anciãos entrevistados afirmaram que sua única renda era a previdência, 15% disseram ter ajuda de familiares, enquanto 60% admitiu viver com "privações e carências".

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