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O enviado da ONU Ibrahim Gambari se reuniu no domingo com a líder oposicionista birmanesa detida Aung San Suu Kyi, mas ainda não havia se reunido com os chefes da junta militar sobre o fim da sangrenta repressão aos protestos contra os 45 anos de governo militar.

"Ele quer reunir-se com o general sênior Than Shwe, presidente do Conselho de Paz e Desenvolvimento do Estado, antes da conclusão de sua missão", disse a Organização das Nações Unidas (ONU) em comunicado.

O comunicado não indicou se Gambari poderá encontrar Than Shwe - que opera em Naypyidaw, a nova capital construída no meio da selva a 390 quilômetros ao norte de Yangun, e cujo governo raramente dá ouvidos a pressões vindas de fora do país.

Gambari se reuniu com Suu Kyi por mais de uma hora numa casa de hóspedes do governo em Yangun, perto da casa à beira de um lago onde ela vive confinada sem telefone e, para receber visitantes, ela precisa de autorização oficial, raramente concedida.

O encontro se deu após o retorno de Gambari de Naypyidaw, onde ele se reuniu com o primeiro-ministro em exercício Thein Sein, o ministro da Cultura Khin Aung Nyint e o ministro da Informação Kyaw Hsan, todos generais, disseram diplomatas.

Não foi comentado se Gambari conseguiu qualquer avanço no sentido de pôr fim à repressão aos maiores protestos contra a junta militar em quase 20 anos, na qual foram presos centenas de monges, o centro de Yangun foi fechado por barricadas e tropas foram postas nas ruas.

Não havia multidões visíveis nas ruas no domingo no centro de Yangun, onde as forças de segurança sufocaram os protestos ao montar barreiras em volta dos dois templos maiores, mantendo à distância dos reverenciados monges budistas que encabeçaram as manifestações.

Mas soldados e policiais revistavam as bolsas das pessoas e procuravam câmeras, e a Internet, por meio da qual as pessoas enviaram ao mundo imagens dos protestos e da repressão, continua fora do ar.

Soldados estão postados em quase todas as esquinas da cidade de 5 milhões de habitantes, e nenhum grupo pode se formar sem chamar a atenção, disseram testemunhas.

Governo admite dez mortes

O governo admitiu que dez pessoas foram mortas na quarta-feira, primeiro dia da repressão, mas governos ocidentais crêem que o número real de baixas seja muito maior.

O encontro de Suu Kyi com Ibrahim Gambari foi uma ocasião muito rara em que a líder oposicionista pôde sair de casa, mas foi a segunda em pouco mais de uma semana.

Desde a última vez em que ela foi detida, em maio de 2003, os birmaneses a viram apenas uma vez: quando ela apareceu ao portão de sua casa para prestar respeito a monges autorizados a passar pelas barreiras que fecham o acesso a sua rua.

Policiais antimotim ficaram posicionados entre os monges e Suu Kyi, cuja Liga Nacional pela Democracia teve vitória eleitoral arrasadora em 1990, mas foi impedida pelos generais de assumir o poder.

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