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General John R. Allen conversa com o também general David H. Petraeus em Cabul, no Afeganistão, em julho deste ano | Joshua Treadwell/Reuters
General John R. Allen conversa com o também general David H. Petraeus em Cabul, no Afeganistão, em julho deste ano| Foto: Joshua Treadwell/Reuters

Perguntas e Respostas

Tire algumas dúvidas sobre o escândalo que derrubou o diretor da CIA e abalou a cúpula de segurança dos EUA:

Desde quando o caso é investigado?

Segundo o New York Times, as cúpulas do FBI e do Departamento de Justiça foram informadas de que uma investigação descobrira o caso extraconjugal do general Petraeus em meados deste ano.

O que os e-mails investigados continham?

Mensagens íntimas entre Petraeus e Broadwell, mas existe a suspeita de que a biógrafa tenha tido acesso a conteúdo "sensível", de risco à segurança nacional, nos e-mails do chefe da CIA.

Qual a relação do general com Jill Kelley?

Não está clara. Em comunicado, Kelley afirmou que ela e o marido são amigos da família Petraeus. Há a desconfiança de que Broadwell a tenha ameaçado por considerá-la uma "rival"

Por que só veio à tona após a reeleição de Obama?

Fontes no FBI disseram ao NYT que a investigação não estava completa até semana passada. Congressistas, sobretudo republicanos, desconfiam da explicação e criticam a ação da polícia.

Kelley dava festas para militares

Jill Kelley, uma moradora de Tampa, na Flórida, gastava suas energias fazendo festas de luxo e bebendo em companhia de militares. Segundo o diário Washington Post, Jill e o marido, Scott Kelley, foram, nos últimos anos, uma espécie de embaixadores sociais para os membros da Base Aérea de MacDill, que fica a apenas alguns passos da mansão do casal em Bayshore Boulevard.

O jornal também sugere que foram nessas festas que Jill se tornou amiga de Holly e David Petraeus, ex-diretor da CIA, e que começou a ter contato com John Allen, comandante das forças americanas no Afeganistão. Os dois generais serviram como oficiais no Comando Central dos EUA, que tem base em MacDill.

As comemorações pareciam não economizar em despesas, segundo convidados. Sempre regadas a buffets, estacionamento com manobrista, charutos e champanhe. Apesar do glamour, bancos iniciaram um processo contra o casal por uma dívida de milhares de dólares em débitos de cartão de crédito, de acordo com documentos da Corte Distrital do Condado de Hillsborough.

O escândalo sexual que levou à queda do diretor da CIA, David Petraeus, na sexta-feira atingiu ontem mais um alto militar dos EUA: o general John Allen, chefe do contingente da Otan no Afeganistão.

Allen está sob investigação do FBI (a polícia federal americana) por ter trocado milhares de e-mails "inapropriados" com Jill Kelley, 37 anos, socialite da Flórida que recebeu e-mails ameaçadores da amante do general Petraeus.

Foi Kelley quem pediu ao FBI que apurasse a origem dos e-mails ameaçadores, levando à revelação do caso extraconjugal que provocou a renúncia do chefe da CIA.

O secretário de Defesa dos EUA, Leon Panetta, pediu ao presidente Barack Obama a suspensão da indicação de Allen como comandante-supremo da Aliança do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o que foi aceito. A audiência no Senado que confirmaria o general no novo cargo estava prevista para quinta-feira.

Confusão

O envolvimento adiciona novo ingrediente no enredo envolvendo Petraeus, 60 anos, sua biógrafa e amante Paula Broadwell, 40 anos, e Kelley.

Não está clara a relação de Petraeus e do general Allen com Kelley, voluntária pró-veteranos de guerra e anfitriã de festas em Tampa, onde os generais serviram. Todos os implicados são casados.

De acordo com o código de conduta militar americano, adultério pode ser crime. O receio é que em casos extraconjugais informações que ponham em risco a segurança nacional vazem.

O que se sabe até agora é que Petraeus mandava e-mails sexualmente explícitos para Broadwell, que por sua vez mandava e-mails ameaçadores para Kelley, a quem via como uma rival.

Já o conteúdo dos e-mails "inapropriados" trocados entre Kelley e Allen, que podem passar de 20 mil desde 2010, não foi revelado.

Segundo o jornal The New York Times, Kelley procurou um agente do FBI de quem era próxima quando começou a receber os e-mails ameaçadores anônimos.

O agente não identificado foi, depois, afastado do caso por seu "excessivo envolvimento" – havia enviado uma foto dele próprio sem camisa para Kelley.

Ainda segundo o "NYT", o agente, contrariado, procurou o deputado Eric Cantor, líder da maioria Republicana no Congresso dias antes das eleições presidenciais. O caso, porém, só foi conhecido após a reeleição de Obama.

Senado

Senadores republicanos e democratas aguardam o depoimento no Congresso do ex-diretor da CIA David Petraeus. "Acredito que ele fará isto. É uma pessoa responsável e acredito que virá" ao Congresso, disse a democrata Dianne Feinstein, que preside o Comitê de Inteligência do Senado.

ConsequênciasInfidelidade de militar pode causar danos à segurança dos EUA

Agência O Globo

Não é apenas pela traição que o escândalo envolvendo o ex-diretor da inteligência americana (CIA) general David Petraeus ganhou tanta notoriedade. O ponto principal é que a infidelidade do militar, de 60 anos, envolve questões de segurança nacional, política, e até o ataque ao consulado americano em Benghazi, na Líbia — no qual quatro americanos morreram, entre eles o embaixador Chris Stevens.

Analistas ouvidos pela rede CNN dizem que não há evidências confirmando qualquer brecha na segurança como resultado do caso, mas ainda há dúvidas se Paula Broadwell – amante de Petraeus – soube de informações confidenciais, já que a própria diz ter tido "acesso sem precedentes" ao general.

David Petraeus pediu demissão da chefia da agência de inteligência na última sexta-feira ao assumir o relacionamento extraconjugal com sua biógrafa, de 40 anos – que também se formou em West Point e passou um ano no Afeganistão estudando a liderança do general. De acordo com um amigo de Petraeus, o militar não tem nenhum envolvimento com outra pessoa além de Paula.

Os dias passaram e novas informações continuam a surgir. A que põe em dúvida o acesso dela a informações confidenciais foi o vídeo de um discurso realizado na Universidade de Denver. Nas imagens, Paula sugere que o ataque na Líbia tinha como alvo uma prisão secreta no anexo do consulado em Benghazi.

A traição veio à tona durante a investigação do FBI dos emails em tom de ameaça enviados por Paula a Jill Kelley. Mesmo vivendo em Tampa, na Flórida, ela é conhecida no circuito social de Washington. Jill, no entanto, diz ser uma "inocente vítima" do escândalo, afirma uma fonte do governo.

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