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Crítica

Para Bento XVI, a mídia distorceu as reuniões do Concílio Vaticano II

O papa Bento XVI falou ontem durante 45 minutos, de improviso, a respeito do Concílio Vaticano II, realizado no início da década de 1960. Ele responsabilizou a mídia pelo que chamou de interpretação distorcida das reuniões feitas na época, que resultaram em muitas das "calamidades" que afligem a igreja católica nos dias atuais.

Bento XVI era um jovem teólogo durante o Concílio Vaticano II, realizado entre 1962 e 1965, que trouxe a igreja católica para o mundo moderno, com documentos importantes sobre as relações da Igreja com outras religiões, seu lugar no mundo e sua liturgia.

O papa passou a maior parte de seus oito anos no cargo tentando corrigir o que considera uma interpretação incorreta do concílio.

Cardeais se perdem na fala em latim

Efe

Os cardeais que ouviram o papa Bento XVI renunciar levaram dois minutos para entender o que ele falava, pois a maioria não domina o latim. O comentário partiu de um dos integrantes do coro da Capela Sistina, em entrevista publicada ontem pelo El Comercio, de Lima.

"Muitos cardeais não sabem latim", disse o barítono peruano Augusto Garay. "Nós, os cantores, temos certa familiaridade com o latim. Escutei palavras-chave que se referiam à idade. O diretor do coro, monsenhor Palombella, se deu conta e espalhou a mensagem entre todos", disse Garay.

O corista disse que ficou muito impressionado com o rosto do papa porque "se notava quão custosa havia sido a decisão para ele".

Ratzinger sofreu acidente no México

Folhapress

O Vaticano confirmou ontem que o papa Bento XVI bateu a cabeça durante a visita ao México, em março do ano passado. Segundo a Santa Sé, foi durante a viagem que o pontífice tomou a decisão de renunciar.

O jornal La Stampa afirmou que o acidente aconteceu em León, na região central mexicana, quando o papa estava no quarto dentro do convento dos Capuchinhos, local em que se hospedou. Ao ir ao banheiro, de madrugada, o pontífice bateu a cabeça na pia.

De acordo com fontes do Vaticano, o golpe causou um corte na cabeça, que manchou o cabelo e as roupas de Bento XVI.

A informação foi revelada pelo jornal L’Observatore Romano, a publicação apostólica. O Vaticano confirmou o incidente, mas disse que ele não influenciou na renúncia.

Novos questionamentos a respeito do tamanho da influência que o papa Bento XVI exercerá sobre seu sucessor começaram a surgir ontem após o Vaticano ter confirmado que o conselheiro mais próximo do papa deve seguir como seu secretário particular ao mesmo tempo em que continuará a liderar a Casa Pontifícia sob o comando do novo papado.

Pelo segundo dia consecutivo, Bento XVI enviou mensagens pontuais a seu sucessor e aos cardeais que o elegerão sobre a direção que a Igreja Católica deve tomar uma vez que ele não for mais papa. Embora esses comentários façam parte de um certo protocolo antes de sua saída, a influência de Joseph Ratzinger após a aposentadoria continua sendo objetivo de debate intenso.

Lindo

O Vaticano confirmou ontem que monsenhor Georg Gaenswein, de 56 anos, continuará sendo secretário particular de Bento XVI e também o prefeito da Casa Pontifícia, organismo que reúne os colaboradores do papa, organiza sua agenda e alguns aspectos de sua vida pessoal. A nomeação foi uma promoção para o religioso, que conta com a confiança total de Bento XVI.

O duplo papel parece ter aumentado as preocupações expressas nos bastidores por alguns dos cardeais que temem que Bento XVI continue a exercer, no mínimo, alguma influência no novo papado e na governança da Igreja.

Após o papa, Gaenswein é a figura mais visível no Vaticano. Apelidado de "Gorgeous Georg" ("Georg lindo"), devido à sua beleza física, ele ganhou a capa da edição italiana da Vanity Fair no mês passado, com a chamada: "Não é um pecado ser bonito".

OpiniãoIgreja terá de enfrentar uma situação inédita

Juan Lara, correspondente da Efe na Cidade do Vaticano.

A renúncia de Bento XVI ao pontificado criou uma situação inédita na Igreja, que contará com um papa – a ser eleito no conclave, em março – e um "ex-papa", Joseph Ratzinger. Ainda não se sabe qual título ele terá, mas ele manterá o nome Bento XVI e continuará como bispo emérito de Roma.

O que está claro, segundo o Vaticano, é que Ratzinger não voltará a ser cardeal, já que o título é uma dignidade, concedida por um papa, e Bento XVI deixou de sê-lo no momento em que foi eleito sumo pontífice no dia 19 de abril de 2005.

O papa carrega o chamado "anel do pescador", que simboliza o poder pontifício, e que será destruído após o dia 28 de fevereiro, data da renúncia oficial. Normalmente, o anel é destruído imediatamente após a morte do pontífice, para evitar a falsificação de documentos.

Bento XVI deve abandonar o Vaticano três horas antes de concluir seu pontificado e vai se transferir junto com os dois secretários e as quatro leigas consagradas que o ajudam, a chamada "família pontifícia", para a residência de Castelgandolfo, a 30 km de Roma.

Bento XVI permanecerá em Castelgandolfo até que sejam encerradas as obras de acondicionamento do mosteiro Mater Ecclesia, nos jardins do Vaticano, onde deve ficar em definitivo.

Ratzinger viverá a pouco mais de cem metros do Palácio Pontifício, onde está o apartamento papal, que receberá seu sucessor.

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