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Da esquerda para a direita: A ministra das Relações Exteriores da Bolívia, Karen Longaric; o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro; o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benitez; e o ministro do Exterior do Chile, Teodoro Ribera, levantam os braços durante a 55ª cúpula do Mercosul em Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul, Brasil, em 5 de dezembro de 2019.
Da esquerda para a direita: A ministra das Relações Exteriores da Bolívia, Karen Longaric; o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro; o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benitez; e o ministro do Exterior do Chile, Teodoro Ribera, levantam os braços durante a 55ª cúpula do Mercosul em Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul, Brasil, em 5 de dezembro de 2019.| Foto: AFP

No começo dos anos 2010, a América do Sul estava tomada pelo que convencionou-se chamar de onda rosa: uma guinada à esquerda que começou no fim dos anos 1990. Como a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, disse certa vez, Hugo Chávez na Venezuela, Luiz Inácio Lula da Silva no Brasil, e Evo Morales na Bolívia foram os “três mosqueteiros” da esquerda na América do Sul, inaugurando o período.

Em 2011, os governos de quase todos os 12 países da região, à exceção de Chile e Colômbia, pertenciam a esse espectro ideológico — em menor ou maior grau. Não demorou muito, porém, para que outra onda transformasse novamente a região: a das crises econômicas.

Os países tiveram que enfrentar as dolorosas consequências do fim de um boom de commodities. No início do século XXI, o aumento dos preços dos combustíveis, minerais e sementes, em especial a soja, ajudou a tirar milhões da pobreza e aumentou as expectativas da população quanto à renda e qualidade de vida. Mas com o fim da bonança e uma gestão de recursos públicos muito questionável — que levou ao endividamento dos governos — os países tiveram que apertar os cintos. A pressão recaiu sobre as classes pobres e médias, enquanto as elites se viam amplamente protegidas — o que alimentou a raiva popular.

A descoberta de casos de corrupção em níveis absurdos também foi denominador comum para a queda de governos da esquerda na região. O Peru foi o país mais abalado pelas investigações da Operação Lava Jato, com três ex-presidentes investigados por corrupção e o caso do ex-mandatário Alan García, que se matou momentos antes de ser preso preventivamente por envolvimento no escândalo.

A onda rosa se desfez e houve uma guinada à direita. O movimento começou na Argentina, com a eleição de Maurício Macri em 2015 — embora seu governo não tenha resistido à crise econômica que levou milhões à pobreza no último ano de seu mandato.

A grande mudança, porém, ocorreu nos últimos dois anos, com a volta de Sebastián Piñera à presidência do Chile, a eleição de Iván Duque na Colômbia, de Mario Abdo Benítez no Paraguai, de Jair Bolsonaro no Brasil, e mais recentemente de Luis Lacalle Pou no Uruguai. Uma grande dúvida é o que vai acontecer na Bolívia, após a renúncia do esquerdista Evo Morales e a ascensão do governo interino da presidente Jeanine Añez, da direita conservadora — novas eleições devem ocorrer até abril de 2020.

Um dos momentos mais simbólicos da mudança de cores no mapa regional foi a criação do Prosul (Foro para o Progresso e Desenvolvimento do Sul), no início de 2019, que enterrou de vez a Unasul (União das Nações Sul-americanas), fundada pelo ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva e outros líderes regionais de esquerda em 2008.

O crescimento da direita, porém, ainda não pode ser comparado à onda rosa dos anos 2000. Enquanto a esquerda surfou na boa fase da economia regional e mundial, os líderes direitistas sofrem para contornar crises.

Além disso, a segunda maior economia regional voltou a ser governada pela esquerda quando, após uma derrota contundente nas urnas, Macri entregou a faixa presidencial ao kirchnerista Alberto Fernández em 10 de dezembro. E a Venezuela continua sob o domínio do ditador socialista Nicolás Maduro. Abaixo, a evolução do mapa ideológico da América do Sul na última década.

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