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Auxílio-desemprego supera valor recebido por garçons em algumas cidades.
Auxílio-desemprego supera valor recebido por garçons em algumas cidades.| Foto: Pixabay

Os Estados Unidos geraram apenas 266 mil empregos no mês de abril, contrapondo as expectativas de uma retomada econômica rápida devido à queda do número de casos de Covid-19 e do aumento da distribuição de vacinas no país.

O ritmo da recuperação econômica é objeto de preocupação, dado que atualmente os EUA continuam com mais de 8 milhões de desempregados, após a perda de 22,3 milhões de empregos nos dois primeiros meses da crise pandêmica.

Os 266 mil empregos criados no mês passado revelaram também uma queda acentuada em relação aos 777 mil empregos gerados em março. Se a geração de empregos continuar nos mesmos níveis de abril, a economia americana só recuperaria os 8 milhões de empregos no final de 2023.

A queda abrupta na geração de empregos teria, entretanto, uma causa inusual. O auxílio-desemprego adicional de US$ 300 semanais fornecido pelo governo federal (em alguns estados o benefício pode totalizar US$ 600) que estaria desestimulando as pessoas a procurarem trabalho. É isso o que afirmam os governadores republicanos de Arkansas, Montana e Carolina do Sul, que agiram recentemente para encerrar com esse bônus oferecido pela administração Biden.

O governador de Montana Greg Gianforte, ao anunciar que não ia aderir ao programa federal, chamou o auxílio federal de “bônus de desemprego”

Os legisladores republicanos há muito se opõem a esses elevados pagamentos de auxílio-desemprego e votaram unanimemente contra sua extensão no início deste ano.

Rebecca Dixon, diretora executiva do National Employment Law Project, uma organização que defende maior assistência ao desemprego, afirmou que o estados estão correndo um risco ao reverter o auxílio federal prematuramente, colocando as famílias que desejam sinceramente trabalhar em risco financeiro.

"Eles estão equivocados em seu pensamento sobre por que as pessoas não estão voltando ao trabalho", disse Dixon ao Washington Post.

Entretanto, muitos empregadores estão relatando dificuldades em encontrar mão de obra para, sobretudo em empregos operacionais, ou pagos por hora. Isso acontece, mesmo em Nova York em que os salários em geral são maiores.

Philippe Massoud, gerente de um restaurante libanês em Manhattan, afirmou ao New York Post que teve dificuldades em preencher 15 vagas de emprego: “Se eu estivesse trabalhando em um trabalho árduo e ganhando US$ 600 por semana e tivesse a opção de ganhar US$ 600 sem me cansar – a escolha é óbvia”, disse ele.

A dificuldade para os empregadores entretanto é que apenas oferecer um salário mais alto não resolveria a questão. Como apontou o jornalista Jim Geraghty, na National Review, “o problema não é que esses empregadores estejam competindo [os salários] entre si; eles estão competindo com o governo, que oferece de US$ 14 a US$ 25 por hora para não trabalhar.

A Casa Branca afirma entretanto que não acredita que os benefícios federais tenham criado um aperto significativo no mercado de trabalho. Na última sexta-feira (7), Biden rejeitou a ideia respondendo aos repórteres que “não há nada mensurável” que os benefícios estejam afetando o desejo dos norte-americanos trabalharem.

A grande dificuldade é estabelecer os critérios corretos para quem realmente precisa receber o benefício, como as pessoas em grupo de risco ou nos locais em que as crianças ainda não puderam voltar as escolas ou creches.

Numa tentativa de resolver a questão, o governador do Arizona, Doug Ducey, assinou uma ordem executiva exigindo que a pessoa que requisite o benefício comprove que estava procurando emprego. O governador da Flórida, Ron DeSantis, também afirmou que está indo na mesma direção.

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