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Diplomacia

EUA e Rússia tentam diminuir tensão, mas não chegam a acordo

A secretária de Estado norte-americana, Condolezza Rice, e o presidente russo, Vladimir Putin, concordaram nesta terça-feira (15) com a necessidade de uma diminuição na escalada das tensões bilaterais. Mas não chegaram a um consenso, no entanto, sobre vários assuntos controversos, principalmente em relação à instalação do escudo antimíssil e sobre o estatuto de Kosovo.

Eles chegaram a um acordo "sobre a necessidade de baixar o tom nas polêmicas públicas", declarou o chefe da diplomacia russa Serguei Lavrov sobre o tema do encontro na residência presidencial de Novo Ogarevo, perto de Moscou.

"Existem alguns momentos em que assuntos como a defesa antimíssil suscita irritações, mas a relação entre os dois países deve ser livre das retóricas exageradas", acrescentou Rice pouco antes, diante de jornalistas.

"Eu já disse que a retórica não ajuda (...) Tudo bem, nós temos nossas diferenças (...) Se houver preocupações sobre a maneira com que os Estados Unidos exerceram e continuam exercendo o seu poder, nós podemos discutir sobre isso", completou.

Dos Direitos Humanos na Rússia até a hegemonia americana, Washington e Moscou se envolveram em uma escalada verbal alimentada nas últimas semanas, o que deu ares de uma nova Guerra Fria às discussões, apesar das negativas dos dois países.

Depois das comemorações da vitória de 9 de maio de 1945 sobre a Alemanha na segunda Guerra Mundial, Putin irritou os americanos ao evocar as "pretensões à exceção mundial (...) como na época de Terceiro Reich", uma declaração interpretada como endereçada aos Estados Unidos. "Me garantiram que entendemos mal este comentário", afirmou Rice em Moscou.

De acordo com Lavrov, os dois ressaltaram que as relações bilaterais não devem ser "reféns das campanhas eleitorais" presidenciais que acontecerão nos dois países em 2008.

A constatação de boas intenções, entretanto, ficou por aí. A secretária de Estado reiterou a determinação de Washington de realizar seu projeto de escudo antimíssil no Leste Europeu, uma grande decepção para Moscou.

"Eu não acredito que tenha gente que espere que os Estados Unidos vetem os interesses da segurança americana", declarou Rice. "Os Estados Unidos precisam utilizar a tecnologia para se defender e é isso que vamos fazer", acrescentou a secretária de Bush, reiterando a oferta de cooperação já feita a Moscou e rejeitada por Putin.

Enquanto a Casa Branca jura querer defender a Europa contra um ataque de Estados, de países instáveis como o Irã, Moscou vê na iniciativa uma ameaça em suas portas e já anunciou a suspensão do Tratado sobre as Forças Convencionais da Europa (FCE), um dos textos que garantem a segurança do continente.

Sobre Kosovo, Putin e Rice não fizeram mais do que constatar suas divergências, depois que Moscou se opôs ao projeto do estatuto, apoiado pelos Estados Unidos, que concede uma dependência vigiada à província sérvia.

"Nós concordamos sobre a necessidade de uma solução aceitável por todos. Mas esta solução não existe agora", declarou Lavrov.

Rice, que tem se incomodado recentemente com a "concentração de poderes no Kremilin", outro assunto delicado, encontrou-se pela manhã com representantes da sociedade civil russa -responsáveis por fundos de caridade, representantes do partido liberal SPS e da imprensa- mas nenhuma das grandes figuras dos direitos humanos na Rússia.

"Todos concordavam em que os Estados Unidos deveriam moderar o tom das declarações e serem prudentes com a linguagem usada", declarou à agência France Presse um dos participantes, Andreï Kortounov, do Fundo Nova Eurásia.

Rice teve ainda, durante a visita a Moscou, um jantar de trabalho com seu colega russo, seguido de uma entrevista coletiva.

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