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Foto de 2011 mostra a Equipe Argentina de Antropologia Forense trabalhando em uma cova coletiva encontrada em um centro de detenção clandestino usado durante a ditadura militar (1976-1983), na província de Tucumán. Foto: AFP / Equipo Argentino de Antropologia Forense
Foto de 2011 mostra a Equipe Argentina de Antropologia Forense trabalhando em uma cova coletiva encontrada em um centro de detenção clandestino usado durante a ditadura militar (1976-1983), na província de Tucumán. Foto: AFP / Equipo Argentino de Antropologia Forense| Foto:

O governo dos EUA, seguindo um acordo que havia sido feito entre o ex-presidente Barack Obama e o presidente Mauricio Macri, em 2016, liberou nesta sexta-feira (12) um novo pacote de documentos relacionados à ditadura militar argentina (1976-1983), que até hoje se encontravam classificados.

O ato ocorreu nos Arquivos Nacionais de Washington, no qual foram entregues ao ministro da Justiça, Germán Garavano, seis discos compactos com informações da inteligência norte-americana sobre o que ocorreu naquela época.

Em carta endereçada a Macri e que acompanhou o pacote, o mandatário dos EUA, Donald Trump, diz que "a publicação desses arquivos é a maior desclassificação de documentos da história do governo dos EUA com relação a um governo estrangeiro".

Em entregas anteriores, foram reveladas, por exemplo, declarações do então secretário de Estado dos EUA, Henry Kissinger, que demonstraram que ele tinha conhecimento das torturas e dos desaparecimentos que estavam ocorrendo sob o comando dos generais.

Com isso, já são 97% dos documentos sobre o país na época que estarão disponíveis à Justiça argentina e aos pesquisadores do período. Este era um pedido que as associações de defesa dos direitos humanos vinham fazendo a Macri desde o início de seu mandato, em 2015, de que pressionasse pela liberação de toda a documentação.

Quebra-cabeça

Os documentos abarcam anotações e correspondências diplomáticas e militares que envolvem os governos de Gerald Ford, Jimmy Carter e Ronald Reagan.

"É possível que apareçam peças que ajudem a montar um quebra-cabeças mais amplo sobre o período e buscar detalhes sobre alguns desaparecimentos", disse Gastón Chillier, diretor do Centro de Estudos Legais e Sociais, uma das principais organizações de direitos humanos do país.

Entre os documentos desclassificados há informações sobre desaparecimentos pontuais, que foram comunicados ao governo dos EUA, que atuava junto aos sistemas de inteligência argentinos em muitos casos.

Um deles é o do até agora considerado desaparecido Marcos Osatinsky, membro da guerrilha Montoneros. Agora, confirma-se que esse membro da resistência de fato morreu sob tortura, em Córdoba.

Também revela o fim de vários outros considerados desaparecidos, como os funcionários da embaixada cubana Jesús Cejas Ariads e Crescencio Galanena. Os documentos reportam que ambos, presos pelas forças da repressão argentina, foram assassinados e atirados num rio dentro de barris de cimento.

Outro documenta, ainda, a criação da Operação Condor (aliança dos governos militares do Cone Sul), chamando-a de um "plano para eliminar os líderes terroristas da América Latina".

Espera-se que, assim que esses documentos cheguem à Argentina, sejam revelados mais detalhes e que se determine que as informações sejam incluídas em julgamentos em andamento ou que propicie a abertura de processos novos.

Até agora, a Argentina já realizou 3 mil processos contra repressores, havendo mais de 800 deles condenados e 200 aguardando resultados.

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