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Aeronaves da Força Aérea americana de quatro gerações, incluindo um F-35 Joint Strike Fighter (à esquerda), em imagem de outrubro de 2006. Foto: p Somodevilla/Getty Images/AFP
Aeronaves da Força Aérea americana de quatro gerações, incluindo um F-35 Joint Strike Fighter (à esquerda), em imagem de outrubro de 2006. Foto: p Somodevilla/Getty Images/AFP| Foto:

Os Estados Unidos suspenderam a participação da Turquia no programa do caça F-35 Joint Strike Fighter até que Ancara cancele a compra planejada de um sofisticado sistema de defesa aérea russo, informou o Pentágono nesta segunda-feira (1º).

"Temos claro que a aquisição do sistema russo S-400 não é compatível com o F-35", de acordo com uma declaração do tenente-coronel Mike Andrews, porta-voz do Departamento de Defesa dos EUA. "Lamentamos muito a situação atual, mas o Departamento de Defesa está tomando medidas prudentes para proteger os investimentos compartilhados feitos em nossa tecnologia crítica".

O movimento é a resposta mais direta dos EUA até o momento para a disputa crescente com a Turquia sobre a compra do sistema russo, que tanto a administração Trump quanto a OTAN disseram que poderia comprometer a tecnologia do caça furtivo de nova geração. A decisão foi tomada em um momento em que os Estados Unidos e a Turquia, membro da OTAN, estão em uma disputa sobre a Síria, e um dia após o partido do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ter perdido o controle das principais cidades do país em eleições locais.

A ordem do Pentágono interrompe todas as "entregas e atividades" relacionadas à compra pela Turquia de 100 dos modernos caças furtivos. A Turquia já recebeu oficialmente dois dos aviões, mas as aeronaves permaneceram nos Estados Unidos enquanto os pilotos turcos estão sendo treinados.

A Turquia também é um dos co-produtores do jato de US$ 85 milhões, responsável pela fabricação de componentes-chave da fuselagem e da cabine de comando. No ano passado, quando os legisladores dos EUA ameaçaram pela primeira vez bloquear a participação da Turquia no programa F-35, o então secretário de Defesa Jim Mattis se opôs, dizendo que isso poderia atrasar as linhas de produção em até dois anos.

O comunicado de segunda-feira, no entanto, indicou que o Departamento de Defesa estava preparado para dar esse passo; o Pentágono disse que estava preparando "fontes secundárias de suprimento para as peças produzidas na Turquia".

Na semana passada, um grupo bipartidário de senadores apresentou uma legislação que proíbe a transferência de qualquer F-35 para a Turquia. O projeto de lei diz que a compra do sistema S-400 pela Turquia não só colocou em risco a segurança da OTAN, mas foi uma violação de uma lei de 2017 que ameaça sanções para qualquer compra pelos aliados de tecnologia russa sofisticada.

"Estou feliz que o governo está atendendo ao pedido bipartidário do Congresso para adiar a transferência de equipamento F-35 para a Turquia para ajudar a garantir que a tecnologia e as capacidades militares dos EUA não caiam nas mãos do Kremlin", disse a senadora Jeanne Shaheen, democrata, em um comunicado.

"Embora a Turquia seja um importante aliado dos EUA, seu relacionamento próximo com o presidente russo Vladimir Putin e os persistentes esforços para adquirir o sistema russo de defesa aérea S-400 poderiam comprometer seriamente nossa segurança nacional", disse Shaheen.

Acordo fechado

Nas últimas semanas, funcionários de alto escalão do governo Trump especularam que Erdogan estava se recusando a desistir da compra do S-400 para demonstrar uma posição dura em relação à segurança nacional no período que antecedeu as eleições locais. Eles expressaram esperança de que ele iria moderar a sua posição após a votação.

Mas na sexta-feira (29), o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, disse após uma reunião com seu colega russo, Sergei Lavrov, que "este acordo está fechado".

O desejo da Turquia por um sofisticado sistema de defesa antimíssil antecede o início da guerra civil na vizinha Síria, mas se intensificou após a Turquia ter derrubado, em 2015, um avião de ataque russo que entrou em seu território a partir da Síria.

A Rússia tem sido o principal fornecedor militar do ditador sírio, Bashar al-Assad, e apoiadora na sua luta contra as forças da oposição.

Parceiros da Otan temporariamente levaram as baterias de defesa antiaérea Patriot à fronteira turca, e os Estados Unidos se ofereceram para vender à Turquia um sistema Patriot. Mas a Turquia se recusou, dizendo que queria melhores condições para a compra, incluindo transferências de tecnologia e um acordo de coprodução, enquanto tentava expandir sua própria indústria de defesa.

Com a continuação da guerra na Síria, a Turquia e a Rússia normalizaram as relações, e o Irã lançou um esforço diplomático para forjar uma solução política para o conflito. Esse esforço por vezes entrou em conflito com a iniciativa mais ampla das Nações Unidas, apoiada pelos EUA, para resolver a guerra.

A relação entre a Rússia e a Turquia estreitou-se quando os Estados Unidos expandiram seu relacionamento com os combatentes curdos sírios que lideravam as forças terrestres na ofensiva dos EUA contra o Estado Islâmico na Síria. A Turquia considera que o grupo curdo é um terrorista aliado dos seus próprios separatistas curdos.

Quando a Rússia procurava expandir sua própria indústria de defesa como concorrente direta dos Estados Unidos, ofereceu o sistema S-400 em termos que a Turquia considerou atraentes econômica e politicamente. No ano passado, o ministro turco da Defesa, Hulusi Akar, disse que um contrato tinha sido firmado para a aquisição e implantação do sistema de defesa antimíssil e aéreo de longo alcance da Rússia – tornando a Turquia o primeiro Estado membro da OTAN a comprá-lo.

Os Estados Unidos fizeram outra oferta do sistema Patriot em dezembro, mas as negociações com o Pentágono estagnaram. A Turquia disse que a entrega do sistema S-400, que custa US$ 2,5 bilhões, começará este ano.

A OTAN e os Estados Unidos disseram que a tecnologia stealth do F-35 seria comprometida se fosse colocada próxima ao sistema S-400 e alertou para as "consequências necessárias" se a Turquia prosseguir com a compra russa.

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