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Manifestação em Stavropol, a favor da população da Crimeia que deseja romper com a Ucrânia para se aproximar da Rússia | Eduard Korniyenko/Reuters
Manifestação em Stavropol, a favor da população da Crimeia que deseja romper com a Ucrânia para se aproximar da Rússia| Foto: Eduard Korniyenko/Reuters

Retaliação

Estatal russa ameaça cortar gás por dívida, aumentando pressão

Folhapress

O presidente da estatal russa Gazprom, Alexei Miller, ameaçou ontem cortar o fornecimento de gás natural da Ucrânia se o país não pagar a dívida de US$ 1,89 bilhão (R$ 4,4 bilhões) que tem com a empresa.

A advertência é feita em meio à crise diplomática entre o governo russo e o novo governo da Ucrânia, que é aliado dos Estados Unidos e da União Europeia. O gás é um dos principais motivos da dependência ucraniana a Moscou.

Miller argumenta que a ucraniana Naftogaz pagou menos de 50% da dívida que tem com a Gazprom e que, por isso, tem o direito de cortar o fornecimento.

"Não podemos fornecer gás de graça. Ou a Ucrânia salda a dívida e atualiza os pagamentos, ou há o risco de voltar à situação do início de 2009", disse. Há cinco anos, a Rússia cortou a provisão de gás ao país vizinho devido a outra dívida, o que prejudicou também o fornecimento do combustível a outros países da Europa. Na época, o bombeamento do gás foi prejudicado durante 20 dias do inverno europeu.

Preço

A medida acontece três dias depois que a Gazprom anunciou a manutenção do preço do combustível pago atualmente pela Ucrânia. Em dezembro, a Rússia havia anunciado uma redução de 40% no valor, que havia sido prometido ao presidente deposto Viktor Yanukovich.

30 mil soldados russos em território ucraniano é a estimativa divulgada ontem por Kiev. Número desrespeitaria o acordo bilateral com a Rússia, que limita a presença militar dos russos na Ucrânia a 25 mil soldados. Os EUA, que monitoram a região, dizem que o número é, na mais inflada das hipóteses, 20 mil soldados.

O Pentágono calcula que a Rússia enviou cerca de 20 mil soldados à península ucraniana da Crimeia, e segue enviando militares à região, por isso os americanos vigiam os movimentos dos russos.

O porta-voz do Depar­­tamento de Defesa ame­­ricano, o contra-almirante John Kirby, disse ontem que o Kremlin enviou mais tropas à Crimeia nos últimos dias até chegar a 20 mil soldados, segundo as melhores estimativas.

O número se encontra abaixo dos 30 mil que denunciaram recentemente as autoridades de Kiev.

Segundo Kirby, nos últimos dias a Rússia enviou "milhares de tropas" à Crimeia, região que a inteligência americana vigia de perto para antecipar qualquer movimento ordenado desde Moscou.

Ação

O porta-voz assegurou que o Pentágono "não está tão preocupado com o número de tropas, mas sim com o que estão fazendo", e deu exemplos de como o bloqueio de bases navais e o afundamento de embarcações de patrulha para evitar que as forças ucranianas tomem o controle da região autônoma.

Além disso, Kirby confirmou que ontem o secretário de Defesa dos EUA, Chuck Hagel, falou por telefone com o ministro interino de Defesa da Ucrânia, Oleksandr Turchynov, para transmitir o apoio dos EUA e agradecer a contenção exercida para evitar uma escalada que acabe em um choque armado.

Hagel reafirmou o compromisso da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) de fazer a defesa dentro de sua zona de influência, o que beneficia a Ucrânia.

O chefe do Pentágono falou de cooperar com a Ucrânia em assuntos humanitários e outros assuntos de Defesa, algo que Hagel confiou seja para "longo prazo".

Em plena tensão com a Rússia pela crise da Crimeia, os EUA mobilizaram caças e outras aeronaves na missão de vigilância da Otan no Báltico e aumentaram as manobras conjuntas na Polônia.

Além disso, o destróier de mísseis guiados USS Truxtun ingressou ontem no Mar Negro como parte de manobras rotineiras, mas que coincidem com o delicado momento na região.

Pressão

Uma mudança do preço do gás faz parte de uma nova pressão da Rússia sobre o governo interino da Ucrânia. Os dois disputam a região autônoma da Crimeia. Esta pertence à Ucrânia, mas tem uma parcela grande de sua população que é de etnia russa. Um referendo com o habitantes da Crimeia está marcado para o dia 16.

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