O Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos recomendou, nesta terça-feira (27), que as pessoas que já foram vacinadas contra a Covid-19 retomem o uso de máscaras em ambientes públicos fechados nas regiões do país onde os contágios por coronavírus estão em alta, o que inclui a maior parte do território americano. A decisão é uma atualização da orientação feita há dois meses pelo órgão, que disse que pessoas totalmente imunizadas contra o vírus poderiam suspender o uso de máscaras na maioria das situações.
As autoridades do CDC também recomendaram o uso de máscaras faciais para professores, alunos, visitantes e profissionais de escolas em qualquer caso, independentemente do nível de transmissão local e do status de vacinação. Os estudantes voltarão às aulas presenciais no outono no país.
A diretora do CDC, Rochelle Walensky, falou à imprensa nesta terça-feira sobre a preocupação com a alta de transmissões, provocada pela delta, uma variante altamente transmissível do coronavírus, e a baixa taxa de vacinação em algumas áreas do país.
Walensky citou novas evidências científicas que mostram que a variante delta se comporta de maneira diferente das versões anteriores do coronavírus e que mesmo pessoas vacinadas podem se infectar e transmitir o vírus. "Esses novos [dados científicos] são preocupantes e infelizmente exigem uma atualização à nossa recomendação", afirmou a diretora.
"Essa não é uma decisão que nós do CDC tomamos de forma leviana. Isso pesa muito sobre mim", acrescentou Walensky, dizendo que os americanos estão cansados e frustrados.
A média de casos confirmados de Covid-19 quadruplicou em julho nos EUA, de cerca de 13 mil casos diários no começo do mês para mais de 56 mil agora, de acordo com monitoramento do jornal Washington Post. Isso ocorreu após meses de grandes quedas nas taxas de casos, mortes e hospitalizações pela doença.
Os novos casos têm afetado majoritariamente os não vacinados. Em uma apresentação na Casa Branca na semana passada, o cirurgião geral Vivek Murthy relatou que 97% das hospitalizações e 99,5% das mortes causadas por Covid-19 nos EUA ocorrem entre pessoas não vacinadas.
"Ninguém quer retroceder, mas temos que lidar com os fatos, e os fatos mostram que esse é um momento muito assustador, e há muitas pessoas vulneráveis", disse Robert Watcher, diretor do Departamento de Medicina da Universidade da Califórnia ao Washington Post.
"Acredito que o nosso maior erro foi não prever que 30% do país escolheria não ser vacinado", lamentou o médico.
Até o momento, 163 milhões de pessoas, ou 49,2% da população dos EUA, estão totalmente vacinadas. Cerca de 56,9% já receberam pelo menos uma dose, de acordo com o CDC. As vacinas contra a Covid-19 estão disponíveis gratuitamente no país para os maiores de 12 anos.
Diante da situação, o presidente americano Joe Biden afirmou que a Casa Branca está avaliando se passará a exigir que funcionários públicos federais sejam vacinados.
As recomendações de maio do CDC, que diziam que os vacinados não precisavam mais usar máscaras na maior parte das situações (com exceção de ônibus, aviões, hospitais, asilos e outros), se basearam em dados que mostravam que os vacinados eram raramente infectados e raramente podiam transmitir o vírus.
A preocupação agora é com a chegada da variante delta e com outras que podem surgir. Apesar de casos de infecção entre vacinados serem considerados raros, epidemiologistas têm alertado para o aumento de infecções pela delta entre os imunizados, e para o fato de que os vacinados que contraem essa variante podem transmiti-la aos outros da mesma maneira que os não vacinados.
"A grande preocupação agora é que a próxima variante que possa emergir - que potencialmente está a poucas mutações de distância - pode escapar das nossas vacinas", disse Walensky.
Todos os estados dos EUA estão atualmente com tendência de alta de casos de Covid-19, segundo o monitoramento do New York Times.
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