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O ex-ministro chefe do Gabinete Civil da Argentina, Alberto Fernández, durante a entrevista censurada ao vivo na TV argentina | Reprodução
O ex-ministro chefe do Gabinete Civil da Argentina, Alberto Fernández, durante a entrevista censurada ao vivo na TV argentina| Foto: Reprodução

O ex-ministro chefe do Gabinete Civil da Argentina, Alberto Fernández, lamentou nesta quarta-feira (14) o episódio de censura que sofreu durante uma entrevista ao vivo que concedia na noite de terça-feira (13) a um programa de televisão, "Longobardi ao vivo", pela C5N.

Veja o momento em que a entrevista é interrompida

"Acho que isso não tinha que ter ocorrido e espero que não volte a ocorrer, porque foi lamentável", disse. Para o ex-ministro, o que incomodou o governo foi a revelação de que a presidente Cristina Kirchner está anulando "a âncora fiscal" adotada pelo marido dela, o ex-presidente Néstor Kirchner.

"Creio que o que incomodou foi que deixei em evidência que há um problema fiscal na Argentina, e com a reforma da Carta Orgânica do Banco Central (estatuto), corremos o risco de seguir complicando a economia do país", disse Fernández à AE. Ele reiterou que as duas normas adotadas por Néstor Kirchner, que governou o país entre 2003 a 2007 e morreu em 2010, determinavam que as reservas depositadas no BC garantiam 100% da base monetária. Fernández explicou que somente o excedente dessa garantia podia ser repassado ao Tesouro para ser usado, exclusivamente, no pagamento aos organismos internacionais.

Agora, continuou, não haverá limites para repassar ao Estado e o uso será para qualquer objetivo do governo, o que torna as reservas vulneráveis. "Não tenho nenhuma dúvida de que Cristina tem uma visão mais frouxa da questão fiscal", arrematou Fernández.

O ex-ministro não quis classificar a decisão baixada por algum funcionário do governo, ontem à noite, de tirar do ar o programa que estava sendo exibido ao vivo. O corte ocorreu no momento em que Fernández fazia duras críticas à Casa Rosada e explicava que a reforma do BC é sobre medidas de Néstor Kirchner e não do governo anterior, como havia anunciado a presidente.

Uma fonte ligada ao ex-ministro disse à AE, porém, que a ordem "foi um erro colossal porque deu ainda mais destaque ao conteúdo da entrevista" e ao próprio Fernández, que foi isolado do governo. "Algum estúpido teve a ideia de tirar um programa do ar que tinha somente 2,5 pontos de audiência. Nas redes sociais e no twitter o assunto explodiu e ganhou publicidade", disse uma das fontes.

Assessores próximos à Fernandez também consideram que a censura foi autorizada pela própria presidente Cristina Kirchner. "Nenhuma decisão nesse governo é tomada sem a aprovação da presidente", disse a fonte. "É muito estranho o que está acontecendo.

Creio que o governo está confuso e não consegue ver os erros, nem escuta nenhuma outra voz. Além disso, o discurso está enfraquecendo dia após dia", arrematou a fonte.

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