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O exército chileno anunciou que adotará sanções contra o capitão Augusto Pinochet Molina devido ao discurso que pronunciou na terça-feira (12) no funeral de seu avô, o ex-ditador Augusto Pinochet.

Na noite de terça-feira, o exército emitiu um comunicado afirmando que o oficial "cometeu uma falta gravíssima à disciplina, e serão adotadas as medidas disciplinares que o caso merece".

A nota acrescentou que não estava previsto no programa do funeral que o capitão Molina falasse, e que suas declarações "não representam a doutrina nem a opinião oficial" da instituição.

Molina, de 34 anos e filho de Augusto Pinochet Hiriart, o filho mais velho do ex-governante, ressaltou seu avô como um líder em nível mundial, "que em plena guerra fria derrotou o modelo marxista que pretendia impor seu modelo totalitário".

Em meio aos aplausos dos 4 mil presentes ao ato, Molina ressaltou que seu avô derrotou o marxismo, "não através do voto, mas diretamente, pela via armada".

Também criticou os "juízes que buscavam mais renome que a Justiça" nos julgamentos que envolviam o ex-ditador e outros membros de sua família.

Falta graveA ministra da Defesa chilena, Vivianne Blanlot, presente no funeral, disse que Molina deveria ser punido, pois, como oficial do exército, é proibido de emitir opiniões políticas, menos ainda em um ato público e usando o uniforme militar.

"Como ministra da Defesa, tenho que dizer que não é aceitável que um oficial em serviço ativo pronuncie um discurso público de caráter político e, além disso, difame poderes do estado", disse Blanlot aos jornalistas.

"Portanto, condeno essa atitude e espero que o Exército tome as medidas correspondentes nesses casos", disse a ministra.

Segundo fontes militares, uma falta gravíssima pode levar à expulsão imediata do neto de Pinochet, que atua na Direção de Informática do exército.

A punição mais leve prevista para essa situação é que seja qualificado em lista 3, que representa sua ausência na próxima reunião da Junta de Oficiais, prevista para junho do ano que vem.

DesprezoMolina não foi o único neto que virou notícia no funeral do ex-ditador chileno. Informações ainda não confirmadas indicam que quem cuspiu no caixão do general durante o velório foi um neto do ex-comandante-em-chefe do exército Carlos Prats.

Antecessor de Pinochet na chefia do Exército chileno, Carlos Prats foi assassinado pela Dina, polícia secreta da ditadura, em 30 de setembro de 1974, em Buenos Aires, em um atentado a bomba que também matou a esposa do militar, Sofia Cuthbert.

Francisco Cuadrado Prats, um artista visual de 39 anos, disse à imprensa local que o ato foi de "desprezo".

O ex-ditador Augusto Pinochet morreu no domingo passado aos 91 anos, e seu cadáver foi cremado ontem à noite, após um funeral com honras militares oferecido pelo exército, com a presença de cerca de 4 mil pessoas.

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