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Familiares de vítimas de um ataque de homem-bomba esperam em frente a um hospital da organização italiana "Emergency", em Cabul, 20 de novembro | -AFP
Familiares de vítimas de um ataque de homem-bomba esperam em frente a um hospital da organização italiana "Emergency", em Cabul, 20 de novembro| Foto: -AFP

Um militante suicida detonou explosivos em uma reunião religiosa nesta terça-feira (20) na capital afegã, Cabul, matando mais de 40 pessoas, incluindo clérigos e religiosos muçulmanos que estavam reunidos para celebrar o aniversário de nascimento do profeta Maomé, disseram autoridades. 

As vítimas incluem representantes religiosos de várias partes do Afeganistão, disse Najib Danesh, porta-voz do Ministério do Interior. Ele disse que a reunião foi convocada pelo maior órgão religioso do país, o Conselho Ulema, e contou com a participação de centenas de muçulmanos sunitas. Pelo menos 72 participantes ficaram feridos, disseram autoridades. 

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Em um comunicado, o presidente Ashraf Ghani descreveu o ataque como “imperdoável e um claro ato de hostilidade contra o ensino do Islã”. A missão das Nações Unidas no Afeganistão disse que o ataque foi uma atrocidade. 

De acordo com autoridades do governo, o atentado foi realizado por um agressor solitário que alvejou a cerimônia em um grande salão no primeiro andar de um hotel próximo ao Ministério do Interior, um local geralmente usado para casamentos. 

O homem detonou o seu colete suicida assim que os religiosos começaram a recitar versos do Alcorão. 

 “Era o começo da cerimônia quando a explosão aconteceu”, disse Shah Mohammad, uma testemunha que ajudou a levar os feridos ao hospital. “Havia corpos em toda parte”.

Mais de 20 dos feridos no ataque estavam em estado crítico, disseram autoridades do Ministério da Saúde. Houve relatos não confirmados sobre a morte de várias figuras religiosas de destaque. 

Autoridades disseram temer que o número de mortes aumente, já que muitos feridos estão em estado crítico.

Um policial disse que explosivos de alta qualidade foram usados na explosão, que deixou partes de corpos espalhadas pelo chão do salão. 

A polícia não foi solicitada a fornecer segurança para o evento, disse um porta-voz da polícia, e o suicida conseguiu entrar no local sem ser detectado. 

Nenhum grupo assumiu imediatamente a responsabilidade pelo ataque. 

Mas as suspeitas imediatamente caíram sobre o Estado Islâmico, que é considerado ainda mais cruel do que a insurgência Taleban que está em conflito com o governo afegão e seus apoiadores por 17 anos. 

O Taleban "condena fortemente ataques a civis e a sessões do Ulema", ou clérigos muçulmanos, disse o porta-voz do Taleban, Zabiullah Mujahid, em um comunicado enviado a jornalistas. 

Sem nomear grupos, mas fazendo alusão indireta ao Estado Islâmico, ele colocou a culpa do ataque em "círculos insurgentes" que ele disse que mataram brutalmente muçulmanos por causa de pequenas divergências. Ele disse que isso deve ser impedido. 

O Taleban usa com frequência bombardeios suicidas em seus ataques ao governo e alvos internacionais e tem sido culpado pelas mortes de milhares de civis, relatou a Organização das Nações Unidas.

Em junho, pelo menos 14 pessoas, incluindo sete clérigos, foram mortas em um ataque suicida em Cabul após deixarem uma conferência do Conselho Ulema patrocinada pelo governo, na qual líderes religiosos de seitas sunitas e xiitas condenaram ataques suicidas e a guerra dos militantes contra o governo afegão apoiado pelos EUA. 

O Estado Islâmico reivindicou a responsabilidade pelo ataque de junho, denunciando a reunião de “clérigos tiranos” e a condenação deles a ataques suicidas, segundo um site afiliado ao grupo. 

O Conselho Afegão de Ulema emitiu um decreto religioso sem precedentes no início do dia que dizia que a insurgência no Afeganistão não tem base religiosa. Ele também declarou que os ataques suicidas, frequentemente usados por insurgentes do Taleban e do Estado Islâmico, são “haram”, ou proibidos pelo Islã. 

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Afiliados do Estado Islâmico têm repetidamente alvejado mesquitas e locais de culto dos muçulmanos xiitas afegãos nos últimos anos. O Estado Islâmico, um grupo radical sunita, considera os xiitas hereges. 

Sirenes de ambulância podiam ser ouvidas em várias partes da capital depois do ataque de terça-feira. Imagens nas mídias sociais mostraram parte do salão danificado do hotel. 

Neste mês, uma explosão teve como alvo uma manifestação de centenas de minorias xiitas na capital. Autoridades afegãs disseram que várias pessoas foram mortas na explosão de 12 de novembro perto de uma escola secundária e perto de um grupo de pessoas que protestavam contra ataques do Taleban em áreas xiitas nos distritos de Jaghuri e Malistan, na província de Ghazni. 

Ainda não está claro quem realizou o bombardeio de terça-feira, mas sunitas linha-dura veem o aniversário do profeta como um sacrilégio. Embora o aniversário seja amplamente celebrado no mundo islâmico, é um feriado que fundamentalistas extremistas estão tentando acabar.

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