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Bagdá – Em razão dos desdobramentos da invasão norte-americana e da violência interna, o Iraque está atravessando uma crise social com o perfil de qualquer país miserável da África subsaariana. Cerca de 48% da população está abaixo do nível de pobreza, 15% dos iraquianos não têm regularmente o que comer, 70% não dispõem de água potável e 28% das crianças estão subnutridas – contra 19%, antes do início da guerra.

Esses dados estão em relatório divulgado ontem pela Oxfam, uma organização humanitária sediada em Londres. Ela o elaborou em conjunto com a Comissão de Coordenação das ONGs (entidades não-governamentais) no Iraque, que por sua vez reúne duas centenas de organizações envolvidas em tarefas beneficentes.

Mesmo sem serem inéditos, esses números fornecem pela primeira vez um retrato de conjunto da crise enfrentada por um país em que a violência endêmica substituiu o regime deposto do ditador Saddam Hussein, durante o qual a população viveu mais de uma década de embargo, que afetou a produção e a distribuição de gêneros essenciais.

Segundo a Oxfam, cerca de 8 milhões de iraquianos – o país tem 27,5 milhões de habitantes – precisam de alguma ajuda de emergência. Entre eles estão os 2 milhões que foram obrigados a deixar seus domicílios para escapar à violência e os 2 milhões que deixaram o país para se refugiar em países vizinhos, o que criou uma crise demográfica na Síria e na Jordânia.

O primeiro grupo, o dos "exilados internos", perde o direito a receber os benefícios do programa governamental que distribui alimentos. Assim, entre os 4 milhões de iraquianos mais pobres, esse auxílio beneficiava há três anos 96% dos cadastrados. Hoje só beneficia 60%. Eles são parte dos 4 milhões que conseguem fazer uma refeição apenas com certa irregularidade.

Os dados da subnutrição infantil são alarmantes – quase um terço não tem o que comer. Nas escolas públicas, 92% das crianças têm problemas sério de aprendizado.

"Os serviços básicos, arruinados pela guerra e pelas sanções econômicas, não podem satisfazer a demanda", diz Jeremy Hobbs, diretor da Oxfam Internacional.

A própria ajuda humanitária dos EUA, diz a BBC, corresponde hoje a um décimo daquilo que representava em 2004.

Um alto funcionário norte-americano, indicado pelo Congresso para acompanhar os gastos de bilhões de dólares destinados pelos Estados Unidos à reconstrução do páis, disse à BBC que a corrupção é aparentemente generalizada e que uma parcela substancial do dinheiro vem sendo desviado ou sendo objeto de desperdício.

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