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Os babuínos estão entre os mais bem-sucedidos grupos de macacos do ponto de vista evolutivo. Distribuídos em cinco espécies (ou subespécies) do gênero Papio, eles são capazes de se adaptar a uma ampla gama de ambientes, e por isso se estabeleceram em numerosas populações espalhadas desde a África Subsaariana até a Península Arábica. Apesar disso, a evolução dos babuínos atuais ainda é objeto de muitas dúvidas e debates entre os especialistas. Agora, porém, a descoberta do fóssil de um exemplar antigo do macaco, no mesmo sítio onde foram encontrados os restos de um possível ancestral dos humanos modernos, pode ajudar a esclarecer não só como estes macacos surgiram como também a cronologia do aparecimento do ramo de hominídeos ao qual talvez pertençamos.

Datado de entre 2 milhões e 2,36 milhões de anos atrás, o fóssil do babuíno foi encontrado na região de Malapa, na África do Sul, onde em 2010 cientistas descobriram o que alguns acreditam ser exemplares de uma nova e antiga espécie de hominídeos, o Australopithecus sediba. Segundo os pesquisadores, ele pertence uma espécie primitiva de babuínos batizada Papio angusticeps, mas apresenta características que o ligam diretamente aos macacos modernos do seu gênero, podendo assim ser, na verdade, um dos primeiros representantes dos atuais Papio hamadryas, que habitam o chamado “Chifre da África”, no Nordeste do continente, e o Sudoeste da Arábia.

“De acordo com estudos de relógios moleculares (método que usa pequenas mutações genéticas para calcular a possível época em que duas espécies de animais relacionadas se separaram), estima-se que os babuínos divergiram de seus parentes mais próximos entre 1,8 milhão e 2,2 milhões de anos atrás”, conta Christopher Gilbert, professor da Universidade da Cidade de Nova York e primeiro autor de artigo que descreve o novo fóssil, publicado nesta quarta-feira no periódico científico on-line de acesso aberto “PLoS One”.

“Até agora, porém, os fósseis desta época ou eram fragmentados demais para serem definidos ou primitivos demais para serem confirmados como integrantes da espécie viva dos Papio hamadryas. Mas o exemplar de Malapa e nossas análises ajudaram a confirmar as sugestões anteriores de outros pesquisadores de que os P. angusticeps podem ser, de fato, uma população antiga dos P. hamadryas”, diz.

Segundo Gilbert, as análises do exemplar de Malapa e dos outros fósseis tradicionalmente atribuídos aos P. angusticeps sugerem fortemente que eles têm uma anatomia condizente com a das populações modernas de babuínos. Além disso, a idade estimada do novo fóssil se encaixa quase perfeitamente aos cálculos feitos com base nos relógios moleculares para o surgimento deste gênero de macacos, assim ajudando a resolver o mistério de sua evolução.

“Se colocássemos vários exemplares fósseis do P. angusticeps numa coleção moderna de osteologia, não creio que as pessoas seriam capazes de dizer que eles são de alguma forma diferentes dos babuínos atuais do Leste e do Sul da África”, destaca Gilbert, que contou com a colaboração de diversos pesquisadores da Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo, no trabalho e são seus coautores do artigo no “PLoS One”.

Por fim, como os macacos são reconhecidos pelos especialistas como elementos muito sensíveis para as estimativas de idade dos registros fósseis, os cientistas acreditam que o novo exemplar de P. angusticeps e sua datação bem definida ajudarão muito nos futuros estudos para calcular a idade de outros fósseis encontrados no mesmo sítio. Desta forma, eles esperam que a descoberta leve a uma melhor definição da cronologia do aparecimento de hominídeos antigos como o Australopithecus sediba, em particular na África do Sul.

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