O presidente da França, Nicolas Sarkozy, surpreendeu os Estados Unidos e demais aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) ao anunciar ontem que poderá retirar todas as tropas do Afeganistão após um ataque de um soldado afegão que matou quatro militares franceses e deixou outros 17 feridos.
O líder francês determinou ainda a suspensão de todas as operações no país até segunda ordem.
Paris conta com 3.935 soldados em solo afegão e mantém operações de defesa e treinamento de contingente das Forças Armadas locais. Ao lado dos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e Itália, o país está entre os cinco maiores aliados da Otan na guerra que já dura dez anos.
Para Sarkozy, a morte dos quatro soldados é inaceitável e demanda uma revisão "imediata" da estratégia francesa no país árabe. Segundo o comando da Isaf (Força Internacional de Assistência para a Segurança), como é chamada a força mantida pela Otan, o suspeito pelos disparos foi detido.
"Não posso aceitar que soldados afegãos atirem contra militares franceses. Todas as operações do Exército francês de formação e de ajuda ao combate ficam suspensas. Se não forem estabelecidas claramente as condições de segurança, então estudaremos a questão de uma retirada antecipada", advertiu.
O presidente deu ainda ordens ao ministro da Defesa, Gerarf Longuet, para que viaje "imediatamente" ao Afeganistão.
Em sua primeira reação, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, ofereceu suas condolências a Paris. "É um dia muito triste para nossas tropas no Afeganistão e para o povo francês", declarou.
Os disparos ocorreram no vale de Taghab, na província de Kapisa. De acordo com representantes das forças de coalizão, o atirador foi detido. Além dos quatro mortos, pelo menos outros 17 soldados franceses foram feridos.
No total, 130 mil militares estrangeiros, sendo 90 mil americanos, participam atualmente das operações no país.
Ataque
O ataque do soldado afegão foi o que causou mais mortes de franceses no país nos dez anos que atuam na guerra no país árabe. As quatro baixas elevam para 82 o número de militares do país europeu que perderam a vida em confrontos no Afeganistão.
A maioria do efetivo de quase 4 mil soldados franceses que estão no país árabe participam de treinamentos com militares afegãos. Antes da ação, a expectativa é que a de que esses soldados seriam retirados até 2014.
"Os militares franceses estão no Afeganistão para combater o terrorismo e o Taleban, não para que soldados afegãos possam atirar neles", afirmou.
Antes do incidente, o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, tinha uma visita marcada para Paris na próxima semana.
Reincidência
Este não é o primeiro caso que um membro das forças de segurança afegãs atira em um soldado da Otan, a aliança militar do Ocidente, na guerra do país. Em dezembro, dois franceses da Legião Estrangeira e dois americanos foram mortos após disparos de um militar afegão.
Em novembro, três soldados australianos e dois afegãos perderam a vida após tiros de um militar do país árabe, em uma operação no sul do Afeganistão. O caso foi precedido por outro, em que outros três representantes australianos e um intérprete foram mortos por mais um efetivo afegão.
O conflito no país árabe contra o grupo armado Taleban completou dez anos em 2011. A guerra começou com a ocupação de tropas da força de coalizão da Otan, lideradas pelos Estados Unidos, em meio à comoção criada pelo atentado ao World Trade Center, em 11 de setembro de 2001.
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