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Emmanuel Macron visita o Memorial do Genocídio em Kigali, Ruanda, 27 de maio. O presidente francês reconheceu o papel do seu país no genocídio que matou 800 mil pessoas no país africano em 1994
Emmanuel Macron visita o Memorial do Genocídio em Kigali, Ruanda, 27 de maio. O presidente francês reconheceu o papel do seu país no genocídio que matou 800 mil pessoas no país africano em 1994| Foto: Reprodução / Facebook / Emmanuel Macron

O presidente francês Emmanuel Macron reconheceu, nesta quinta-feira (27), a responsabilidade de seu país no genocídio que matou 800 mil pessoas em Ruanda em 1994. "Com humildade e respeito, venho me posicionar ao seu lado hoje. Venho reconhecer a extensão de nossas responsabilidades", afirmou em discurso no memorial às vítimas localizado em Kigali, capital do país africano. O evento faz parte de uma viagem de dois dias de Macron ao país.

Em discurso no memorial, Macron afirmou que a França não foi cúmplice do genocídio, mas que cometeu erros de julgamento que tiveram consequências avassaladoras.

A posição é resultado do trabalho de uma comissão estabelecida por Macron e liderada pelo historiador francês Vincent Duclert. O relatório do comitê, entregue ao governo francês em março, analisou a relação de proximidade entre o país, à época comandado pelo ex-presidente François Mitterrand, e o governo de Ruanda, liderado pelo ditador hutu Juvenal Habyarimana, concluindo que a França também foi responsável pelo genocídio. Em seu discurso, Macron afirmou que a França ignorou os avisos de um possível massacre.

Apesar de reconhecer responsabilidade, o relatório de cerca de mil páginas absolveu a França de culpa direta pelo assassinato de 800 mil pessoas, a maioria da etnia tutsi. "Os assassinos que perseguiam os pântanos, as colinas, as igrejas não tinham a face da França. A França não era cúmplice", disse Macron, ao prometer que levará à Justiça qualquer autor do genocídio que viver em território francês.

As reações ao discurso foram mistas. A associação de sobreviventes Ibuka lamentou a falta de um pedido de desculpas de Macron. Paul Kagame, presidente de Ruanda que está no poder há 27 anos, afirmou que as palavras foram mais poderosas que um pedido de perdão. "Esta visita é sobre o futuro, não o passado. Quero acreditar que esta reaproximação é irreversível", afirmou em entrevista coletiva. Em Kigali, onde 250 mil vítimas do massacre estão enterradas, as ruas estavam vazias durante a visita do presidente.

Esta é a primeira vez que um chefe do executivo francês visita Ruanda desde 2010. O último foi Nicolas Sarkozy, mas sua presença no país deixou mais dúvidas que certezas sobre o posicionamento da França sobre o tema. Onze anos depois, Macron revisou a postura francesa e deve nomear um novo embaixador à Ruanda - um movimento que leva ao resgate diplomático. Por conta das acusações de Kagame de que a França seria cúmplice do genocídio, o país não indicava um embaixador desde 2015.

Em 6 de abril de 1994, um atentado contra o avião em que o ditador Juvenal Habyarimana viajava com o ex-presidente do Burundi, Cyprien Ntaryamira, matou os dois líderes. Extremistas hutus culparam a Frente Patriótica de Ruanda pelo assassinato e iniciaram um massacre que durou cerca de 100 dias - vitimando principalmente membros da etnia minoritária tutsi.

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