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É hora de começar a falar sobre a futura falência dos Estados Unidos
| Foto: Pixabay

Você sabia que os Estados Unidos estão indo à falência? A maioria das pessoas não. Talvez a parte mais triste sobre o estado das coisas no país é que nossa acidez e disfunção chegaram em tal momento que nem mesmo estamos tratando de nossos maiores problemas.

Seria uma coisa se os Estados Unidos decidissem coletivamente que temos de ser honestos sobre onde estamos como país e se estivéssemos no meio de um debate acirrado sobre como consertá-lo. Mas em vez disso, estamos lutando por coisas triviais enquanto quase todos no país, em todos os lados do espectro político, decidem que nossos problemas reais são tão graves que podemos ignorá-los.

Você já teve um amigo que passou por algum acontecimento horrível e constrangedor na vida? A última coisa que você quer fazer é falar disso para ele. O mesmo pode ser dito dos Estados Unidos e nosso problema com a dívida. É tão ruim que não falamos mais sobre isso.

Há dez anos estávamos tão concentrados em nossa dívida que o então presidente Barack Obama foi forçado a criar uma comissão nacional para lidar com ela.

A comissão bipartidária liderada pelo ex-chefe de gabinete de Bill Clinton, Erskine Bowles, e pelo ex-senador republicano Alan Simpson, fez uma série de recomendações, incluindo aumento de impostos e reformas em nossos programas de direitos. Eles foram atacados tanto pela direita quanto pela esquerda, e nenhuma das soluções foi transformada em lei, mas pelo menos estávamos tentando.

Quando a comissão Bowles-Simpson foi formada, os Estados Unidos tinham cerca de US$ 13 trilhões em dívidas. Hoje, devemos mais do que o dobro, mais de US$ 26 trilhões.

Esses números são tão grandes que ninguém os entende. Para colocar em perspectiva, toda a produção econômica americana em 2020 foi de US$ 21 trilhões. Se o país pudesse magicamente não gastar um centavo – se ninguém comprasse nada, incluindo alimentos ou outros itens básicos – e colocássemos tudo para pagar nossa dívida federal por um ano inteiro, ainda assim não a pagaríamos.

Em termos mais pessoais, a dívida federal americana agora chega a mais de US$ 81.000 para cada pessoa no país, ou mais de US$ 227.000 para a família média nos Estados Unidos.

Se o problema é duas vezes maior do que há 10 anos, por que não o discutimos mais? É como se estivéssemos tão perto do iceberg que é tarde demais para evitá-lo. Vamos apenas manter a banda tocando e curtir as coisas enquanto podemos. Tudo vai ser problema dos nossos filhos.

Esse é um sentimento fundamentalmente anti-norte-americano, é claro. O objetivo de deixar as coisas melhores para seus filhos é tão norte-americano quanto uma torta de maçã. Certamente não estamos mais fazendo isso.

Nosso desejo nacional de torcer para que nossos problemas acabem é tão forte que até chegamos a criar uma estrutura intelectual para isso. A Teoria Monetária Moderna, ou MMT na sigla em inglês, é a crença de que déficits e dívidas não importam realmente para um país soberano que pode imprimir sua própria moeda. Precisa de mais dinheiro? Você simplesmente continua imprimindo mais. É como mágica. A conta nunca vence.

Os proponentes do MMT ignoram ou não explicam o lado negativo da impressão constante de dinheiro e emissão de dívida, incluindo nossos credores perdendo a fé e não mais comprando nossos títulos, hiperinflação, e as consequências para o dólar como moeda negociada em bolsa. Apesar dessas enormes falhas, é incrível ver até que ponto o MMT está sendo usado como uma desculpa política conveniente para continuar ignorando o desastre iminente da dívida.

O que acontecerá em uma crise de dívida; por que estamos ignorando esta catástrofe óbvia e iminente; e o que devemos fazer sobre isso?

Em algum momento, à medida que continuarmos a tomar dinheiro emprestado, os juros que pagamos sobre nossa dívida serão tão altos que não poderemos pagar o restante de nosso orçamento. A solução será pedir mais dinheiro emprestado.

À medida que a farra de empréstimos aumenta, aqueles que compram nossos títulos ficarão preocupados e exigirão um retorno maior. Isso, por sua vez, criará um ciclo vicioso de endividamento, o que já aconteceu em muitos países ao redor do mundo. Os resultados são reduções catastróficas nos gastos e aumentos nos impostos para tentar satisfazer os credores e manter o fluxo de dinheiro.

A única razão pela qual ainda não vimos isso nos Estados Unidos é que somos um país economicamente poderoso e que nossos credores ainda não perderam a fé em nossa capacidade de pagá-los. Se esse dia chegar – e a menos que façamos mudanças, eventualmente acontecerá – a crise vai afetar todos os americanos.

Estamos ignorando essa crise de dívida iminente porque não é um tema vantajoso politicamente. Ambos os partidos contribuíram para o problema.

Os governos Bush, Obama, Trump e Biden serão todos culpados. Os republicanos, tradicionalmente o partido da responsabilidade fiscal, perderam toda a credibilidade na questão. Depois de trancar o governo devido aos gastos de Obama, eles gastaram alegremente em níveis recordes sob o presidente Donald Trump.

É atraente para os políticos manter os impostos baixos e os gastos altos. Cada uma de nossas últimas quatro administrações presidenciais se beneficiou dessa dinâmica.

Wall Street e os negócios globais, que dominam a formulação de políticas em Washington, também se beneficiaram muito. Esses atores corporativos se preocupam com seu próximo trimestre financeiro muito mais do que com a situação do nosso país daqui a 10 ou mais anos.

Este período será considerado pelos historiadores como o momento mais triste de nossa história: um país outrora grande se comportando de forma tremendamente egoísta e interessado no curto prazo que vendeu o futuro de seus filhos sem quase nenhum debate.

A maior desculpa em Washington é a comissão presidencial. Raramente ela realiza alguma coisa. No entanto, nossa situação é tão ruim que outra comissão bipartidária pode ser nossa melhor aposta.

A comissão deve incluir tanto corporativistas quanto populistas. Por mais que isso seja uma desculpa, não estamos preparados para começar a debater soluções reais (o que envolverá um pouco de dor). Voltar a lançar luz sobre o problema pode ser tudo o que podemos realizar hoje. Devemos começar.

Neil Patel foi cofundador do The Daily Caller, uma agência de notícias online, e da The Daily Caller News Foundation, uma organização sem fins lucrativos que treina jornalistas, produz checagens de fatos e faz reportagens investigativas.

© 2021 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês.
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