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O presidente argentino, Alberto Fernandez.| Foto: Sala de Imprensa da Presidência da Argentina/AFP

O governo da Argentina anunciou nesta segunda-feira (8) que vai intervir e dar início à expropriação da agroexportadora Vicentin, a maior doadora da campanha do ex-presidente Maurício Macri nas eleições do ano passado e a quarta maior exportadora de produtos agrícolas da Argentinam, mas que atualmente está em processo de falência.

O atual presidente argentino, Alberto Fernández, alegou que a intervenção vai "resgatar" a empresa, que possui uma dívida milionária cujo principal credor é o Banco Nacional. Fernández também disse que a intervenção estatal visa "defender seus 2.600 trabalhadores" e "garantir a soberania alimentária" do país.

"É uma operação de resgate de uma empresa em falência preventiva e que permitirá sua continuidade, dará tranquilidade aos seus trabalhadores e garantirá a cerca de 3.000 produtores que eles terão alguém para quem continuar vendendo sua produção", disse Fernández. O presidente acrescentou que a medida é "estratégica" e enfatizou que "favorece a Argentina a alcançar a soberania alimentar", segundo informou o jornal La Nacion.

O governo enviou ao Congresso uma lei de desapropriação da Vicentin para transformá-la em uma empresa mista, de capital público e privado, informou Fernández. O interventor será Gabriel Delgado, ex-secretário de Agricultura da Argentina durante a presidência de Cristina Kirchner, vice de Fernández. Os ativos da Vicentin passarão a um fundo fiduciário controlado pela YPF Agro, braço agrícola da petroleira YPF, que teve 51% de suas ações estatizadas pelo governo Kirchner em 2012.

A dívida da empresa é de quase 100 bilhões de peso – cerca de US$ 1,35 bilhão. Ela está em processo de falência desde dezembro do ano passado. Seu faturamento anual é de cerca de US$ 3 bilhões. A Vicentin também é alvo de uma investigação judicial por fraude contra o Estado por ter solicitado créditos ao Banco Nacional pouco antes de pedir falência.

Em comunicado, a Vicentin disse que a decisão do governo argentino é preocupante. "O caminho escolhido nos enche de incerteza e preocupação. Ficamos sabendo da decisão por meio da imprensa e estamos realizando consultas para entender as características e a profundidade das medidas anunciadas. Por último, reivindicamos a legitimidade de proteger os direitos de uma empresa Argentina e seus acionistas, de origem familiar e do interior do país, que se encontra ajustada ao marco legal vigente, em processo de falência preventiva e que expressaram repetidamente a vontade de honrar os compromissos assumidos".

Após críticas, Fernández disse nesta terça-feira (9) que não faz parte da política de seu governo "ficar com empresas privadas" e que a decisão de interferir na Vicentin não foi de Cristina Kirchner.

"Não está na cabeça de nenhum de nós estar expropriando empresas", afirmou, acrescentando ainda que não tem vergonha de dizer que é "capitalista". "Não estamos ficando com uma empresa próspera, mas com uma empresa falida", afirmou.

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