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O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, inspeciona uma suposta bomba de hidrogênio em 2017
O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, inspeciona uma suposta bomba de hidrogênio em 2017| Foto: Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA)

O número de ogivas nucleares no mundo diminuiu em 2019, passando de 14.465 em janeiro de 2018 para 13.865 em janeiro deste ano, segundo relatório apresentado pelo Instituto de Pesquisa da Paz de Estocolmo (Sipri) nesta segunda-feira (17). As potências nucleares, porém, estão investindo para modernizar seus arsenais.

O número menor se deve, principalmente, às políticas de Rússia e dos Estados Unidos adotadas após a assinatura de um acordo bilateral para a redução de armas nucleares, o Tratado de Redução de Armas Estratégicas (New Start). O Sipri calcula que no último ano os russos tenham aposentado cerca de 350 bombas, enquanto que o arsenal americano está com 265 ogivas a menos.

O New Start deve expirar em 2021, mas até o momento os signatários não voltaram à mesa de negociações para arranjar uma extensão do prazo ou um novo acordo nuclear.

"As perspectivas de uma redução negociada contínua das forças nucleares russas e americanas parecem cada vez mais improváveis, dadas as diferenças políticas e militares entre os dois países", disse Shannon Kile, diretor do Programa de Desarmamento Nuclear, Controle de Armas e Não Proliferação do Sipri.

O Reino Unido também diminuiu de 215 para 200 seu número de armas nucleares.

Modernização

Apesar desta redução, Rússia e Estados Unidos continuam modernizando seus arsenais. De acordo com o Sipri, ambos têm extensos e caros programas em andamento para substituir e modernizar suas ogivas nucleares, seus sistemas de lançamentos de mísseis e aeronaves e as suas instalações de produção de armas nucleares.

Os Estados Unidos preveem um investimento de US$ 494 bilhões durante o período 2019-2028 para estes fins - aumento de 23% em relação à estimativa de 2017 para o período 2017-2026, segundo o Escritório de Orçamento do Congresso. O plano de modernização dos EUA inclui o financiamento de um novo bombardeiro de longo alcance, um novo míssil de cruzeiro com capacidade nuclear, um novo programa de submarinos de mísseis balísticos, um míssil balístico intercontinental (ICBM) terrestre atualizado e suas ogivas associadas.

A Rússia também está modernizando o seu arsenal de armas nucleares estratégicas e sistemas de lançamento. Em 2011, Moscou anunciou que investiria cerca de US$ 70 bilhões em forças nucleares estratégicas entre 2011 e 2020. Porém, com a desaceleração da economia russa, analistas esperam que esses investimentos sejam menores. De acordo com a ONG Nuclear Threat Iniciative, a modernização do arsenal russo envolve o desenvolvimento de novos sistemas, projetados para combater a estrutura de defesa antimísseis dos EUA e seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), especialmente na Europa.

Os países que estão aumentando seus arsenais

EUA e Rússia respondem a 90% das armas nucleares do mundo, mas outros sete países também possuem a tecnologia destrutiva - e, diferente das duas potências, eles estão mantendo ou aumentando seus arsenais.

O Sipri estima que a Coreia do Norte tenha entre 20 e 30 ogivas nucleares, em uma mostra de que Kim Jong-un continua a priorizar seu programa nuclear militar como um elemento central de sua estratégia de segurança nacional – apesar de que, em 2018, o país tenha anunciado a suspensão dos testes de armas nucleares e sistemas de distribuição de mísseis balísticos de médio e longo alcance. No ano passado a estimativa girava em torno de 10 a 20 ogivas.

China, Índia e Paquistão também estão aumentando seu número de ogivas nucleares, segundo o Sipri.

"A Índia e o Paquistão estão expandindo suas capacidades militares de produção de material físsil em uma escala que pode levar a aumentos significativos no tamanho de seus inventários de armas nucleares na próxima década", avalia Kile.

A China continua a modernizar seu arsenal nuclear como parte de um programa de longo prazo para desenvolver forças mais resistentes e robustas, com o objetivo de "fortalecer as capacidades [da China] de dissuasão estratégica e contra-ataque nuclear", segundo o governo chinês. O país tem se concentrado em fazer melhorias qualitativas, em vez de aumentar significativamente o número de ogivas. Mesmo assim, o Sipri prevê que o arsenal passou de 280 para 290 ogivas nucleares.

Também se acredita que Israel tenha mais armas nucleares do que o imaginado, com uma estimativa entre 80 e 90 ogivas. O país mantém uma política de “opacidade nuclear”, ou seja, não confirma e nem nega a posse de armas nucleares.

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