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Secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres.
Secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres.| Foto: MANUEL ELIAS / UNITED NATIONS PH/Agência EFE

A queda do governo do Afeganistão não é algo totalmente inesperado, dado o rápido avanço que o Talibã estava fazendo no país. Porém, a velocidade com que isso aconteceu surpreendeu até mesmo os Estados Unidos e outros países ocidentais que tiveram de evacuar suas embaixadas às pressas e muitas pessoas ainda aguardam um voo para deixar o país.

O colapso do país ocorreu poucas semanas após as forças dos EUA e da Otan terem iniciado a fase final da retirada em maio, entregando todas as bases militares ao então ativo Exército afegão.

A mudança repentina de comando após 20 anos de presença americana no local ensejou as mais diversas reações no mundo todo.

Confira as mais importantes:

ONU

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu nesta segunda-feira, diante do Conselho de Segurança, que a comunidade internacional se una para preservar o respeito aos direitos humanos no Afeganistão e evitar que o país volte a se tornar um refúgio para o terrorismo.

O chefe da entidade, que no domingo expressou "sérias preocupações" sobre os direitos das mulheres e meninas no Afeganistão, disse ter recebido "relatórios arrepiantes de severas restrições aos direitos humanos em todo o país".

"Estou particularmente preocupado com relatos de crescentes violações dos direitos humanos contra mulheres e meninas no Afeganistão que temem um regresso aos dias mais sombrios", disse o diplomata português aos membros do Conselho de Segurança.

Em discurso no início da reunião, Guterres informou os Estados-membros que, "de um modo geral", o pessoal da ONU presente no país e as suas instalações "têm sido respeitados".

Além disso, destacou o papel das organizações humanitárias na prestação de serviços básicos aos afegãos mais necessitados: “A crise humanitária no Afeganistão afeta 18 milhões de pessoas, quase metade da população”, frisou.

EUA

Os Estados Unidos se manifestaram por meio do Departamento de Estado, afirmando em declaração conjunta com mais de 40 países, incluindo a União Europeia, que exigem e darão suporte “à saída de todos os afegãos que desejam sair do país”.

O texto exorta o Talibã a preservar os direitos civis dos afegãos: “Aqueles em posições de poder e autoridade em todo o Afeganistão têm responsabilidade – e responsabilidade – pela proteção da vida humana e da propriedade e pela restauração imediata da segurança e da ordem civil.”

França

"O Afeganistão não deve se tornar novamente o santuário do terrorismo que foi", disse o presidente francês Emmanuel Macron nesta segunda-feira.

Macron voltou a lembrar da importância de permancer atento ao que acontece no país : "Esse é um desafio para a paz e estabilidade internacionais, contra um inimigo comum, o terrorismo e aqueles que o apoiam; a este respeito, tudo faremos para que a Rússia, os Estados Unidos e a Europa possam cooperar eficazmente, porque os nossos interesses são os mesmos. "

O presidente francês afirmou ainda que enviará dois aviões militares e forçar especiais “nas próximas horas” para Kabul, para ajudar na evacuação do país.

Hamas

O movimento islâmico palestino Hamas, que governa a Faixa de Gaza, parabenizou nesta segunda-feira (16) os talibãs por terem tomado o controle de Cabul e grande parte do Afeganistão, o que considerou uma “vitória” contra os Estados Unidos após décadas de guerra.

Em comunicado, o Hamas "parabeniza o movimento talibã e a sua corajosa liderança por esta vitória, que foi a conclusão da sua longa jihad (guerra santa) nos últimos vinte anos" e deseja "sucesso ao povo afegão muçulmano e à sua liderança na obtenção da unidade, da estabilidade e da prosperidade para o Afeganistão", sublinhando que "a vitória vem apenas de Deus".

Alemanha

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, reconheceu nesta segunda-feira que ela e toda a comunidade internacional estavam errados em sua avaliação da situação no Afeganistão e de como ela poderia evoluir após a saída das tropas internacionais.

"Todos nós - e por isso também assumo a responsabilidade - fizemos uma avaliação errada da situação. Toda a comunidade internacional tomou como certo que poderíamos continuar com a ajuda ao desenvolvimento (no Afeganistão)", declarou.

Merkel afirmou considerar que a intervenção dos Estados Unidos e seus aliados por quase 20 anos no Afeganistão garantiu que um ataque terrorista como o de 11 de setembro não pudesse ser preparado agora a partir do país.

Entretanto, todos os esforços internacionais para criar um Estado democrático de direito "não foram alcançados da forma que pretendíamos".

Rússia

Já o enviado especial do presidente da Rússia, Vladimir Putin, para o Afeganistão, Zamir Kabulov, declarou nesta segunda-feira que o mandatário afegão, Ashraf Ghani, "merece ser julgado" por ter fugido do país.

"Ele não abandonou (o Afeganistão), ele fugiu. E fugiu da maneira mais vergonhosa", comentou Kabulov ao canal de televisão "Zvezda", que pertence ao Ministério da Defesa russo.

O diplomata recordou que, em mensagem televisionada dirigida ao povo afegão, Ghani disse que estava "pronto a dar a sua vida e que lutaria até ao fim".

Por outra parte, Kabulov afirmou que é até mais fácil negociar com o Talibã: “Se compararmos a capacidade de chegar a acordos, os talibãs há muito tempo me parecem mais capazes de chegar a acordos do que o governo fantoche de Cabul”, acrescentou.

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