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Bandeira do Tribunal Especial da ONU para o Líbano, na Holanda.
Bandeira do Tribunal Especial da ONU para o Líbano, na Holanda.| Foto: AFP

Não há evidência de que líderes do grupo xiita Hezbollah ou o governo da Síria tenham envolvimento com a morte do ex-primeiro-ministro do Líbano, Rafic Hariri, que perdeu a vida em um atentado a bomba em 2005. Foi o que decidiu o Tribunal Especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Líbano durante a leitura do veredicto do julgamento de quatro extremistas do grupo xiita nesta terça-feira (18), em Leidschendam, na Holanda.

"A câmara de julgamento é da opinião que a Síria e o Hezbollah podem ter tido motivos para eliminar Hariri e seus aliados políticos, no entanto, não há evidências de que a liderança do Hezbollah teve qualquer envolvimento no assassinato de Hariri e não há evidências diretas de envolvimento sírio", disse o juiz David Re, lendo um resumo da decisão do tribunal, que totalizou 2,6 mil páginas.

O julgamento centrou-se nas alegadas funções de quatro membros do Hezbollah no caminhão-bomba suicida que matou Hariri e outras 21 pessoas, além de ter ferido mais 226. Os promotores basearam a acusação principalmente em dados de telefones celulares supostamente usados pelos conspiradores para planejar e executar o bombardeio.

Sem os dados do telefone, não haveria caso contra os quatro suspeitos, disse Re, ao começar a explicar a complexa investigação das redes de telecomunicações que os promotores disseram que os suspeitos usaram. No entanto, Re disse que as evidências de telecomunicações no caso eram "quase inteiramente circunstanciais".

Ao fim do julgamento, apenas um dos quatro suspeitos foi considerado culpado. O tribunal considerou que a participação de Salim Ayyash, apontado como membro do Hezbollah, como coautor do crime estava "além de qualquer dúvida razoável". Os outros três suspeitos, porém, foram declarados inocentes.

O veredicto foi adiado por quase duas semanas em sinal de respeito às vítimas da explosão devastadora na região portuária de Beirute em 4 de agosto. A tragédia, que matou cerca de 180 pessoas e deixou mais de 6 mil feridos e milhares de desabrigados, ocorreu na mesma semana em que o tribunal apresentaria sua sentença.

O atentado que fez o Líbano tremer

O atentado contra o ex-primeiro-ministro Rafic Hariri é para muitos libaneses o equivalente ao assassinato de John F. Kennedy para os americanos. O bilionário sunita, que encarnava a era da reconstrução após a Guerra Civil do país (1975-1990), morreu na explosão de um carro-bomba na passagem de seu comboio blindado.

A explosão provocou uma bola de fogo em Beirute. As chamas alcançaram vários metros de altura e as janelas de prédios nos arredores quebraram em um raio de meio quilômetro.

O homem-bomba ao volante de uma caminhonete branca carregada com duas toneladas de explosivos estacionou estrategicamente para esperar o comboio, que havia acabado de sair do Parlamento e seguia para a residência de Hariri.

Às 12h55, o detonador foi ativado, um segundo após a passagem do terceiro veículo, um Mercedes S600 dirigido pelo próprio primeiro-ministro. Muitas pessoas pensaram se tratar de um terremoto. Beirute inteira ouviu ou sentiu a explosão, que deixou uma cratera de 10 metros de diâmetro e 2 metros de profundidade.

As notícias não demoraram a chegar. Hariri, que se juntou à oposição em 2004, estava entre os 22 mortos. Os guarda-costas também morreram. O estrago foi de tal magnitude que levou 17 dias para que o corpo de uma das vítimas fosse encontrado e 226 pessoas ficaram feridas.

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