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Um suposto diretor de mídia da Al Qaeda divulgou a "jihad pela palavra e pela caneta" e fez um vídeo tendo por objetivo acabar com a resistência de recrutas em realizar atentados suicidas, afirmou nesta terça-feira (28) um promotor dos EUA no tribunal de crimes de guerra de Guantánamo.

O promotor, major do Exército Dan Cowhig, apresentou o caso contra o prisioneiro iemenita Ali Hamza al Bahlul num julgamento realizado na base da Marinha dos EUA na baía de Guantánamo (Cuba).

Em seu pronunciamento inicial, Cowhig sugeriu que os nove oficiais das Forças Armadas norte-americanas que compõem o júri terão de decidir sobre se divulgar propaganda poderia ser considerado um crime de guerra.

O promotor leu trechos do diário de Bahlul, capturado no Afeganistão, e de cartas que o prisioneiro teria escrito de Guantánamo para líderes da Al Qaeda, lamentando não ter participado dos ataques de 11 de setembro de 2001 contra os EUA e elogiando os responsáveis por aquela ação.

"Restou-me apenas a jihad (guerra religiosa) pela palavra e pela caneta", disse Bahlul, segundo a acusação.

"Eu sou um funcionário da Al Qaeda. Sangue, sangue, destruição, destruição", teria afirmado o réu em um outro trecho.

Bahlul é acusado de conspirar com a Al Qaeda para realizar ataques homicidas, ser mandante de assassinatos e prover material de apoio ao terrorismo. O réu pode ser condenado à prisão perpétua.

Os promotores alegaram que Bahlul era o secretário de mídia de Osama bin Laden e o acusaram de preparar o material de recrutamento da rede, entre os quais um vídeo elogiando o ataque de 2000 contra o navio USS Cole, ocorrido no Iêmen e que matou 17 marinheiros norte-americanos.

Segundo Cowhig, o vídeo foi exibido em campos de treinamento montados no Afeganistão para recrutar novos membros da Al Qaeda e para convencê-los a realizar atentados suicidas e ações contra outros muçulmanos.

"O papel primordial do acusado era fazer com que a organização se ampliasse", afirmou.

Bahlul também é acusado de ter criptografado o testamento em vídeo de Mohamed Atta e Ziad al Jarrah, ex-companheiros de quarto dele e membros do grupo de sequestradores do 11 de setembro.

O réu teria ainda montado uma ligação via satélite a fim de que Bin Laden pudesse ouvir as notícias sobre aqueles ataques em seu computador laptop, afirmou Cowhig.

O advogado de Bahlul, major da Força Aérea David Frakt, disse a repórteres que seu cliente não tinha relação nenhuma com o ataque contra o USS Cole. O vídeo foi juntado a imagens de TV e passou a fazer parte de uma gravação mais longa a respeito do mundo islâmico.

Frakt atendeu ao pedido de seu cliente sobre não o defender e está mantendo-se em silêncio na sala de audiência. O réu não teve autorização de defender-se sozinho e vem se recusando a participar do julgamento por considerar o órgão ilegítimo.

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