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O ditador venezuelano, Nicolás Maduro fala diante da Assembleia Nacional Constituinte, ao lado de um retrato de Hugo Chavez, para anunciar o seu plano de governo, em Caracas, nesta segunda (14) |  FEDERICO PARRA / AFP
O ditador venezuelano, Nicolás Maduro fala diante da Assembleia Nacional Constituinte, ao lado de um retrato de Hugo Chavez, para anunciar o seu plano de governo, em Caracas, nesta segunda (14)| Foto:  FEDERICO PARRA / AFP

Maduro fez um discurso de mais de três horas diante da Assembleia Nacional Constituinte, que na prática substituiu a Assembleia Nacional eleita em 2015, de maioria opositora, para fazer um balanço do ano passado e apresentar sua proposta de governo para os próximos anos. O ditador assumiu um novo mandato, contestado dentro e fora da Venezuela, no último dia 10. 

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A maior parte da fala foi dedicada a um balanço positivo da gestão, afirmando que a pobreza e a desigualdade estão caindo e que chegarão a 0% em 2025, que o número de pensões e aposentadorias estão aumentando e que os jovens estão cada vez melhor escolarizados. 

Ele falou sobre as “conquistas econômicas” do ano que passou e de todo o período da revolução bolivariana, e culpou a oposição. “2018 foi um ano de desafios, de obstáculos, de sabotagem inimiga contra nossas indústrias de petróleo e aos hospitais. Atacaram o bem-estar familiar e a moeda venezuelana”, disse.

Maduro destacou também as “conquistas na área social”. Segundo ele, houve aumento contínuo do investimento em saúde, moradia, cultura e comunicação social.

Não mencionou a falta de alimentos e remédios, tampouco a crise humanitária que já obrigou mais de 3 milhões de pessoas a fugirem do país. Ao contrário, disse estar “lutando contra a guerra econômica e o poder imperialista intervencionista dos Estados Unidos e de seus países-satélite”. 

“Mão de ferro à traição, à corrupção. Não vou tremer com ninguém, conto com o apoio do povo e da Força Armada Nacional Bolivariana. De cada ataque sairemos mais fortes, ninguém nos deterá”, afirmou Maduro no início do seu discurso.

Medidas econômicas 

Como medidas para o ano que se inicia, anunciou o aumento do salário mínimo de 4.500 bolívares (R$ 19) para 18 mil bolívares (R$ 77), a partir desta terça-feira (15), além do reajuste de alguns bônus para alimentação. 

O ditador chavista anunciou no ano passado cinco aumentos do salário mínimo, o que, sem medidas adicionais, ajuda a elevar também a inflação. Segundo o FMI, a inflação chegou a 1.300.000% na Venezuela considerando o acumulado entre novembro de 2017 e novembro de 2018. 

Maduro disse que está preparando novas medidas e pediu que o povo “saia às ruas para defendê-las”. 

O mandatário também decidiu aumentar o valor do Petro, a criptomoeda venezuelana, de 9 mil para 36 mil bolívares soberanos (cerca de R$ 154). Assim, o novo salário mínimo venezuelano será equivalente a meio Petro. 

Ainda, Maduro ordenou que, a partir deste momento, as empresas estatais vendam em Petros no mínimo 15% de sua produção, com o objetivo de fortalecer a moeda. Segundo ele, a meta é baixa. “Quem não puder cumprir, fale, e entregue o cargo de maneira imediata”. 

Ele reconheceu que houve queda de receitas causada pela diminuição do preço do petróleo em 2018, e disse que o setor petroleiro estava tomado por máfias e “podres por dentro”.

Detenção de Juan Guaidó 

O ditador venezuelano disse que a detenção do presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, no dia anterior, havia sido um “show midiático” armado em um complô entre a oposição e agentes corruptos do Sebin (Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional). 

Maduro ironizou o que chamou de montagem midiática. “Que coincidência, havia uma câmera perfeitamente apontada, profissional, para gravar o momento exato em que o deputado foi detido de um modo muito estranho”. 

Ainda se referindo aos quatro agentes "traidores" do Sebin, Maduro disse que seu afastamento foi imediato. "Assim atuarei contra qualquer funcionário público que traia o juramento. A mim não vão me fazer tremer. De cada show sairemos mais fortes." 

Crítica aos vizinhos 

Maduro voltou a criticar o presidente Jair Bolsonaro, a quem chamou de “Hitler dos tempos modernos”. “Não tem coragem e decisão própria, porque é um fantoche”, afirmou o venezuelano sobre o brasileiro. “Logo o povo brasileiro se encarregará dele”. 

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Ao tomar posse, na semana passada, Maduro já havia classificado Bolsonaro como um “fascista contaminado pela direita venezuelana”. 

O mandatário venezuelano também disse que o presidente da Colômbia, Iván Duque, é a “personificação do mal”.

Ele também criticou a Argentina por seus “milhões de desempregados” e porque o governo teria tirado “as pensões dos velhinhos”.

Complô internacional 

Maduro disse ainda que a economia venezuelana enfrenta “a oligarquia colombiana, as elites do poder de Washington e as máfias da Venezuela”, e que isso era um crime de lesa humanidade. 

Também afirmou que os dirigentes opositores “não são uma alternativa ao país, porque não têm liderança nem plano, estão cada vez pior”. 

A Chancelaria venezuelana emitiu um comunicado dizendo que “os governos de Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, Panamá, Paraguai e Peru vêm realizando declarações e comunicados em que se contradizem constantemente em relação a suas visões sobre o ordenamento jurídico venezuelano, pretendendo determinar a legitimidade das instituições da Venezuela”. 

O texto acrescenta que “os governos citados atuam emprestando suas vozes ao nefasto coro que seu mandante, os Estados Unidos, está dirigindo para desencadear situações de instabilidade política interna que justifiquem a intervenção estrangeira”. 

Médicos cubanos 

O líder chavista anunciou também que, nas próximas semanas, 2 mil médicos comunitários chegarão de Cuba, direto do Brasil. Ele acrescentou que outros 500 médicos especialistas cubanos também irão para a Venezuela, e convocou as comunidades para fazerem “uma grande festa”.

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