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Mural com a bandeira do Irã na capital Teerã, 19 de setembro de 2019. O ministro das Relações Exteriores iraniano, Javad Zarif, acusou os adversários do Irã de provocar guerra
Mural com a bandeira do Irã na capital Teerã, 19 de setembro de 2019. O ministro das Relações Exteriores iraniano, Javad Zarif, acusou os adversários do Irã de provocar guerra| Foto: AFP

Uma ação militar dos Estados Unidos ou da Arábia Saudita resultaria em "guerra total", ameaçou o Irã nesta quinta-feira (19), enquanto o governo do americano Donald Trump avalia qual será sua resposta ao ataque ao aliado árabe, o qual diz ter sido patrocinado por Teerã.

Em entrevista à CNN, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, negou que Teerã estivesse envolvido nos ataques e alertou que uma ofensiva dos EUA pode causar derramamento de sangue significativo em solo iraniano. "Estou fazendo uma declaração muito séria de que não queremos entrar em um confronto militar", disse Zarif nesta quinta. "Mas não piscaremos para defender nosso território".

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, condenou as declarações e insistiu que os americanos e seus aliados estavam buscando uma solução pacífica para a crise. Após uma reunião de duas horas com o príncipe herdeiro Mohammed bin Zayed, dos Emirados Árabes Unidos, Pompeo disse que toda a região sabe que o Irã está por trás dos ataques à Arábia Saudita.

"Acho que está abundantemente claro, e há um consenso enorme na região de que sabemos exatamente quem conduziu esses ataques, e é o Irã", disse Pompeo a repórteres. "Não ouvi ninguém na região que duvidasse disso por um único momento". Na quarta-feira, ele se encontrou com o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman.

"Enquanto o ministro das Relações Exteriores do Irã está ameaçando uma guerra total, estamos aqui para construir uma coalizão que visa alcançar a paz e a resolução pacífica", acrescentou Pompeo.

Histórico

As tensões regionais começaram a aumentar em maio de 2018, quando o presidente Trump retirou os Estados Unidos do acordo nuclear entre o Irã e seis potências mundiais - Alemanha, França, Reino Unido, China e Rússia, além dos EUA.

Nos últimos meses, as hostilidades se transformaram em violência declarada. A administração Trump acusa o Irã de usar proxies para atacar os aliados dos EUA onde eles são mais vulneráveis: focando na infraestrutura energética da Arábia Saudita e nos navios ligados ao Ocidente que transitam pelo Golfo Pérsico e pelas águas vizinhas.

Os ataques às instalações petrolíferas de Abqaiq e Khurais, na Arábia Saudita, reduziram inicialmente a produção do reino pela metade e causaram um aumento nos preços globais do petróleo.

Tanto Washington quanto Riade apresentaram evidências físicas e outros detalhes que, segundo eles, comprovam que o Irã é culpado pelo ataque.

Mas, à medida que as tensões diminuem, o próprio Trump enviou sinais contraditórios sobre a disposição de Washington de responder com uma ação militar. "Existem muitas opções. Existe a opção de ultimato e há outras opções menos drásticas", disse o presidente a repórteres em Los Angeles, enquanto anunciava aumento das sanções contra o Irã. Pompeo, em seu discurso na quinta-feira, disse que são necessárias mais sanções para impedir o Irã.

A Arábia Saudita também culpou o Irã oficialmente. Em entrevista coletiva na quarta-feira, um porta-voz do exército saudita, coronel Turki al-Malki, disse que o ataque de sábado à fábrica de processamento de petróleo de Abqaiq, no leste da Arábia Saudita, envolveu 18 veículos aéreos não tripulados. Sete mísseis de cruzeiro, acrescentou, foram disparados em uma instalação em Khurais, o local de um dos maiores campos de petróleo do reino. Os ataques foram, segundo ele, "inquestionavelmente patrocinados pelo Irã".

"Este ataque não se originou no Iêmen, apesar dos melhores esforços do Irã para fazê-lo parecer; sua colaboração com seu proxy na região [houhtis] para criar essa narrativa falsa é clara", disse Malki, baseando a afirmação em parte no suposto alcance das armas recuperadas, que ele disse que não poderiam ter viajado desde o território dominado pelos houthis.

As autoridades sauditas, porém, não determinaram o local de onde as armas foram lançadas.

Teerã tem uma rede de grupos aliados do Iêmen ao Líbano e Iraque, aumentando os riscos de qualquer confronto dos EUA com o Irã.

No Irã, as autoridades descreveram a crescente hostilidade como uma resposta direta às sanções dos EUA, que estão prejudicando a economia iraniana. Zarif disse que o alívio das sanções "pode ​​mudar os cálculos de Teerã, abrindo a possibilidade de negociações".

O movimento rebelde houthi, que está travando uma guerra de quase cinco anos contra uma coalizão liderada pela Arábia Saudita no Iêmen, reiterou sua alegação de que executou os ataques com armas projetadas domesticamente.

"Nossas forças atingiram um alto nível de eficiência e habilidade. Elas podem fabricar vários tipos de veículos aéreos não tripulados em tempo recorde", disse o porta-voz militar Houthi, Yahya Saree, em entrevista coletiva na quarta-feira.

A alegação houthi foi recebida com forte ceticismo por parte de especialistas e funcionários do governo americano, especialmente à luz da natureza da economia e da capacidade industrial do Iêmen, devastado pela guerra.

"Os houthis… anunciaram que lançaram esse ataque. Isso não tem credibilidade", disse o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, a uma emissora de TV francesa na quinta-feira. Ele também chamou os bombardeios de "ato de guerra", embora não tenha especulado quem estava por trás disso.

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