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Míssil de Israel disparado do sistema de defesa aérea Cúpula de Ferro, projetado para interceptar e destruir foguetes, sobre Cidade de Gaza, 12 de novembro de 2019
Míssil de Israel disparado do sistema de defesa aérea Cúpula de Ferro, projetado para interceptar e destruir foguetes, sobre Cidade de Gaza, 12 de novembro de 2019| Foto: BASHAR TALEB / AFP

Motoristas que passavam pela Rota 4, em direção à cidade costeira de Ashdod em 12 de novembro, ficaram chocados com uma explosão, um impacto de foguete próximo a um grande cruzamento. Se ele tivesse caído em um carro ou em um dos muitos caminhões que faziam o percurso, haveria mortes e a estrada teria sido fechada. Em vez disso, a polícia e as unidades do Comando da Frente Interna de Israel chegaram e isolaram a calçada, e os motoristas continuaram com o seu dia. A 30 quilômetros ao sul de onde o foguete caiu, outras equipes de foguetes da Jihad Islâmica Palestina (JIP), um grupo terrorista apoiado pelo Irã, estavam se preparando para disparar mais de 400 foguetes contra Israel durante um breve surto de combate. A maioria deles seria interceptada pela defesa aérea de alta tecnologia de Israel.

A capacidade de milhões de israelenses de continuar com os seus afazeres normalmente, na maior parte do tempo, enquanto a força aérea de Israel realiza ataques aéreos de precisão nas proximidades se deve às mais recentes conquistas de Israel no combate à guerra. Isso também traz perguntas sobre se Israel está sendo eficaz e o que essa última revolução em questões militares significa a longo prazo.

Uma semana após os confrontos de 12 de novembro, eles já estavam em segundo plano, um dia de batalha entre dezenas desde março de 2018, quando o Hamas lançou uma série de protestos chamados Grande Marcha do Retorno. Mais de 2.000 foguetes foram disparados, muitos deles em pequenos intervalos. Por várias vezes, Israel esteve prestes a lançar uma grande operação terrestre. Mas a operação foi retida. O sistema de defesa aérea do país, a Cúpula de Ferro, que parece um gigantesco maço de cigarros montado em um caminhão, interceptou 90% dos foguetes na batalha contra a Jihad Islâmica. O sofisticado sistema, desenvolvido com o apoio dos EUA, não apenas mira os projéteis que chegam, disparando um míssil contra eles; mas até calcula precisamente o local que pode ser atingido pelo projétil e funciona com um sistema separado de sirenes que alertam os israelenses a procurarem abrigo.

Uma bateria do sistema de defesa de Israel, Cúpula de Ferro, projetado para interceptar e destruir foguetes e artilharia de curto alcance, próximo à cidade de Bet Hillel, norte de Israel, 21 de novembro de 2019
Uma bateria do sistema de defesa de Israel, Cúpula de Ferro, projetado para interceptar e destruir foguetes e artilharia de curto alcance, próximo à cidade de Bet Hillel, norte de Israel, 21 de novembro de 2019| JALAA MAREY / AFP

Como em quase todos os ataques desde que Israel retirou suas forças de Gaza em 2005, fui para a fronteira. A área mudou dramaticamente ao longo dos anos. Em 2008, antes da Operação Cast Lead, áreas de Sderot, uma cidade fronteiriça, estavam em ruínas e deprimentes. Sob fogo, sem nenhuma proteção, as pessoas estavam traumatizadas. Agora existem novos parques e shopping centers. Israel não entrou em guerra em 12 de novembro porque não precisava, e o país vê cada vez menos ganhos em entrar em Gaza e ficar preso em combates. O país também sabe que haveria baixas civis. Na Operação Cast Lead, cerca de 1.400 palestinos foram mortos; na guerra de Gaza em 2014, mais de 2.400, segundo estimativas. Gaza é densamente povoada; imagine tentar travar uma guerra em Manhattan. Os civis sofrem.

No entanto, o volume de foguetes de Gaza no ano passado e a extensão dos ataques aéreos israelenses são tão grandes quanto nas guerras anteriores. Em julho de 2018, Israel atingiu 40 alvos, no que segundo o país foram os maiores ataques desde a guerra de 2014. Em novembro de 2018, cerca de 500 foguetes foram disparados. Em resposta, Israel atingiu 160 alvos naquele mês. Em maio de 2019, mais de 600 foguetes foram disparados contra Israel. Na recente batalha com a Jihad Islâmica, Israel atingiu cerca de 20 alvos da JIP. Um ataque aéreo também matou oito civis de uma família palestina.

Israel deu o nome à recente operação de "Cinturão Negro", com objetivo de deter a JIP, que representa um desafio para Israel se também houver conflito com o Hezbollah no norte. Dar um golpe na organização matando um comandante sênior para "estabilizar a situação" é o que Jerusalém esperava alcançar. "Nossa avaliação mostra que demos um golpe significativo nas capacidades da JIP", disse um porta-voz das Forças de Defesa de Israel em uma entrevista coletiva.

Esta é a nova maneira de guerra de Israel. Ela reflete um tipo de guerra combatida agora pela maioria dos países ocidentais avançados, principalmente os Estados Unidos. Envolve ataques aéreos de precisão ou forças especiais e a coleta complexa de informações de inteligência pelo uso de satélites, tecnologia cibernética e outras fontes. Já estão no passado os dias de armaduras pesadas, de Moshe Dayan de Israel ou de George Patton dos EUA. Essa "revolução nas questões militares", que foi revelada no início dos anos 1990, exige o uso da tecnologia e agora envolve "assimetria", o que basicamente significa que, de um lado, você tem um F-35 e, do outro, um cara com um AK-47. Na realidade não é tão simples, porque grupos como a Jihad Islâmica desenvolveram foguetes de longo alcance, com o apoio do Irã.

No entanto, no cenário geral, Israel alcançou extrema precisão em seus ataques aéreos, colocando um míssil em um quarto, em vez de destruir uma casa inteira. A defesa aérea, incluindo a Cúpula de Ferro e outros sistemas, como o Patriot fabricado nos EUA, permite que Jerusalém evite uma guerra terrestre e se concentre na ameaça iraniana. Esta é uma grande revolução para Israel. Treze anos atrás, o país foi arrastado para um conflito com o Hezbollah no Líbano e sofreu muitos contratempos em terra. Essa guerra ensinou a Israel que a década e meia de combate ao terror palestino na Cisjordânia e Gaza havia degradado a capacidade do exército de se envolver em um conflito complexo maior.

Agora Israel prefere se preparar para o conflito maior com grupos apoiados pelo Irã enquanto administra o conflito em Gaza e realiza ataques aéreos na Síria contra alvos iranianos que estão amplamente envoltos em sigilo. Esses ataques precisos, como o ocorrido contra uma equipe de "drones assassinos" do Hezbollah em agosto, podem levar a um conflito maior. Enquanto enfrenta uma variedade de ameaças, do Hezbollah e de outros grupos apoiados pelo Irã, Israel terá que usar sua defesa aérea contra grandes ameaças de foguetes, com base nas táticas que aperfeiçoou nos ataques de precisão. Novas tecnologias permitiram que Israel se abstivesse de grandes conflitos com os palestinos. Na próxima guerra, eles serão testados em uma escala muito maior, em várias frentes.

©2019 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês

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