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O Hotel Shepherd foi comprado em 1985 por Irving Moskowitz, o magnata que financia a construção de assentamentos em Jerusalém Leste | Ammar Awad/ Reuters
O Hotel Shepherd foi comprado em 1985 por Irving Moskowitz, o magnata que financia a construção de assentamentos em Jerusalém Leste| Foto: Ammar Awad/ Reuters
  • Netanyahu defende soberania de Israel

Jerusalém - Israel rejeitou ontem o pedido do governo dos Estados Unidos para suspender um projeto imobiliário em Jerusalém Leste, ameaçando complicar ainda mais o impasse com seu mais forte aliado sobre a expansão dos assentamentos. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse ao gabinete de governo que não haverá limites a construções feitas por israelenses em qualquer lugar de uma "Jerusalém unificada".

Funcionários israelenses disseram que o embaixador do país nos EUA, Michael Oren, foi convocado ao Departamento de Estado do governo americano neste fim de semana e avisado de que um projeto imobiliário tocado por um milionário norte-americano, em Jerusalém Leste, precisa ser suspenso.

Assentamentos construídos em terras capturadas reivindicadas pelos palestinos viraram o maior ponto de discórdia nas relações entre Israel e a administração do presidente dos EUA, Barack Obama, por causa do potencial que a questão de terras tem em ameaçar o processo de paz no Oriente Médio.

Embora o primeiro-ministro Netanyahu tenha cedido a intensas pressões do governo americano para apoiar o estabelecimento de um Estado palestino, ele tem resistido aos pedidos dos Estados Unidos para congelar imediatamente a expansão dos assentos de colonos judeus na Cisjordânia.

"Nós não podemos aceitar o fato de que os judeus não terão permissão para construir e viver onde quiserem em Jerusalém", declarou Netanyahu, segundo o qual a soberania do Estado de Israel sobre Jerusalém inteira é "indisputável".

"Eu posso apenas imaginar o que aconteceria se alguém sugerisse que os judeus não podem viver em certos bairros de Nova Iorque, Londres, Paris e Roma. Certamente, haveria uma grande indignação mundial", disse Netanyahu.

A comunidade internacional considera como assentamentos a construção de bairros judeus em Jerusalém Leste, a parte árabe da cidade, e que representam um obstáculo ao processo de paz entre israelenses e palestinos, porque esses bairros complicam uma possível divisão da cidade. Israel não considera os bairros judeus em Jerusalém Leste como assentamentos porque anexou a área após tê-la capturado na Guerra dos Seis Dias em 1967. A anexação não foi reconhecida pela comunidade internacional.

Jerusalém Leste é uma questão muito intrincada porque abriga muitos lugares sagrados do judaísmo, do islamismo e do cristianismo. Os palestinos querem que o setor árabe da cidade seja a capital do seu futuro estado.

Israel quer um acordo para prosseguir com as construções, as quais define como um "crescimento natural" da atual população dos assentamentos. Atualmente, 300 mil israelenses vivem em assentamentos na Cisjordânia e outros 180 mil vivem nos bairros judeus de Jerusalém Leste.

O novo projeto israelense em Jerusalém Leste é financiado pelo magnata Irving Moskowitz, dono de casas de bingo na Flórida e financiador da construção de assentamentos em Jerusalém Leste, que bancou projetos semelhantes no passado. Moskowitz comprou o Hotel Shepherd em 1985 e planeja derrubá-lo para construir um prédio de apartamentos no terreno.A aprovação, concedida pela Prefeitura de Jerusalém no início deste ano, permite a derrubada do antigo edifício do hotel e a construção no local de um prédio com 20 apartamentos, mais um estacionamento com três andares subterrâneos para automóveis.

O negociador palestino Saeb Erekat disse que a expansão israelense em Jerusalém Leste coloca em risco os esforços de paz. Os palestinos recusaram-se a recomeçar as conversações de paz até que Israel suspenda qualquer expansão e projeto em assentamentos.

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O governo de Israel está certo em permitir a construção de assentamentos em áreas reivindicadas pelos palestinos?

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