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Sem influência ou alcance diplomático no Oriente Médio, o Japão lutava nesta quinta-feira (22) para encontrar formas de garantir a libertação de dois reféns mantidos pelo grupo Estado Islâmico. Duas pessoas com contado com o grupo extremista se ofereceram para negociar.

Em vídeo, os militantes ameaçaram matar os reféns em 72 horas a menos que recebessem US$ 200 milhões. Com base no horário de divulgação das imagens, o prazo termina na sexta-feira (23).

O porta-voz do governo, Yoshihide Suga, disse nesta quinta-feira que o Japão tentava todos os canais possíveis para entrar em contato com os homens que mantêm os reféns - o jornalista freelancer Kenji Goto, de 47 anos, e Haruna Yukawa, de 42, fundador de uma empresa de segurança. O Japão não recebeu qualquer mensagem do Estado Islâmico desde a divulgação do vídeo, afirmou Suga.

A crise é um teste para os esforços do primeiro-ministro Shinzo Abe de expandir o papel do Japão em questões internacionais e elevar o perfil de suas Forças Armadas. Tóquio não tem conexões diplomáticas com o Oriente Médio e diplomatas japoneses saíram da Síria quando a guerra civil se intensificou no país, o que aumentam as dificuldades para entrar em contado com as pessoas que mantêm os reféns.

Até agora, a única iniciativa tornada pública foi uma oferta de Ko Nakata, especialista em lei islâmica e ex-professor da Universidade Doshisha, em Kyoto, além do jornalista Kousuke Tsuneoka. Os dois converteram-se ao Islã.

Em aparição no Clube de Correspondentes Estrangeiros do Japão, Nakata, que também é ex-especialista em islamismo da embaixada japonesa na Arábia Saudita, leu a seguinte mensagem em japonês e em árabe:

"Setenta e duas horas é muito pouco. Por favor, esperem um pouco mais e não tentem tomar uma atitude imediatamente", disse ele, dirigindo-se aos militantes. "Se houver espaço para conversação, estou pronto para ir e negociar."

Nakata pediu ao Estado Islâmico que "explique o plano do grupo ao governo japonês e espere uma contraproposta do nosso lado". Ele também propôs oferecer US$ 200 milhões em ajuda humanitária para refugiados e moradores de áreas controladas pelo Estado Islâmico por meio do Crescente Vermelho.

"O Crescente Vermelho opera sob o controle do Estado Islâmico. Por que vocês não buscam a mediação da Turquia e entregam o dinheiro para as pessoas afetadas pelos conflitos no Iraque e na Síria? Eu acredito que isso seria uma opção racional e aceitável", afirmou.

Jornalista freelancer, Tsuneoka foi libertado após ter sido feito refém no Afeganistão em 2010. Tsuneoka e Nakata estiveram na Síria em setembro para tentar, sem sucesso, a libertação de Yukawa. Goto foi capturado no final de outubro ou começo de novembro quando entrou na região, também na tentativa de ajudar Yukawa.

Na última vez que se comunicou com o grupo Estado Islâmico, meses atrás, Tsuneoka disse que eles haviam prometido não matar Yukawa ou exigir um resgate por sua libertação.

"É uma situação desesperadora", disse Tsuneoka. "Eu não me lembro de um refém ter sobrevivido depois de aparecer num vídeo. O fio de esperança que ainda resta agora é o diálogo direto com o Estado Islâmico, então somos as únicas pessoas que tem conexões com eles."

Não está claro se os dois teriam permissão para ir até a Síria, já que foram interrogados pela polícia japonesa sob suspeita de tentar ajudar um estudante universitário japonês a visitar a Síria para lutar com o Estado Islâmico.

Tsuneoka disse que eles só entrarão em contato com os militantes depois da permissão do Ministério de Relações Exteriores. Se a aprovação for concedida, "vamos usar o canal de comunicação que eles (o Estado Islâmico) sugerirem", afirmou. "Também podemos pedir que seus representantes nos encontrem na Turquia."

Suga recusou-se a comentar diretamente a oferta da dupla, embora tenha dito que Tóquio está "preparado para considerar todas as formas possíveis para salvar os dois reféns".

Nakata e Tsuneoka disseram que seu contato foi com o atual porta-voz do Estado Islâmico, identificado pela dupla como Omar Ghrabah. Mas eles disseram que a vigilância e o assédio policial evitaram qualquer comunicação com o porta-voz desde o início de outubro.

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