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Amigos do fotógrafo Luis Carlos Santiago em seu funeral: 28 mil mexicanos mortos nas mãos do tráfico desde 2006 | Reuters
Amigos do fotógrafo Luis Carlos Santiago em seu funeral: 28 mil mexicanos mortos nas mãos do tráfico desde 2006| Foto: Reuters

Ciudad Juárez, México - O principal jornal de Ciudad Juá­­rez, a mais violenta cidade mexicana, anunciou que irá restringir sua cobertura da guerra entre cartéis de drogas depois do assassinato do segundo jornalista da publicação.

Em editorial, publicado em sua primeira página de domingo, El Diario de Juárez pediu aos narcotraficantes que agem na cidade – a cerca de 3 km de El Paso, nos EUA – que digam o que querem, para que o jornal possa trabalhar sem que sua equipe seja morta ou intimidada.

"Líderes das diferentes organizações que lutam pelo controle de Ciudad Juárez: a perda de dois re­­pórteres [...] em menos de dois anos representa uma dor irreparável a todos que trabalhamos aqui e, em particular, para suas famílias", diz.

"Somos comunicadores, não adivinhos. Por isso, como trabalhadores da informação queremos que nos expliquem [...] o que pretendem que publiquemos ou deixemos de publicar [...]."

O editorial foi o segundo publi­­ca­­do desde que atiradores atacaram fotógrafos do jornal na quinta-feira, quando saíam para almoçar.

Luis Carlos Santiago, de 21 anos, morreu. O outro, um estagiário, te­­ve ferimentos graves.

Em 2008, um repórter policial do Diario foi morto em frente a sua casa quando levava as filhas para a escola.

Muitos veículos mexicanos já seguiram o mesmo caminho e dei­­xaram de cobrir a guerra entre car­­téis. Jornalistas reconhecem a cen­­sura imposta pelos grupos, que lutam pelas lucrativas rotas de tráfico aos EUA.

Em agosto, profissionais que cobriam a chacina de imigrantes em Tamaulipas disseram, sob ano­­nimato, que apenas veículos com sede na capital, Cidade do México, ou em Ciudad Victoria, a capital estadual, podiam noticiar o crime, atribuído ao cartel dos Zetas.

Autoridades de fato

O editorial do Diario afirma que seu pedido era endereçado às gangues porque, nesse momento, elas são as "autoridades de fato".

E diz ainda que o presidente mexicano, Felipe Calderón, fez uma série de promessas para proteger jornalistas que não foram cumpridas. "Não queremos mais ser usados como bucha de canhão nessa guerra porque estamos cansados", disse à Associated Press o edi­­tor Pedro Torres.

Apenas em Ciudad Juárez, 5.000 morreram desde 2008, fazendo da cidade, de 1,3 milhão de habitantes, uma das mais perigosas do mundo.

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