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Jorge Ramos, jornalista de TV americana Foto: Reprodução
Jorge Ramos, jornalista de TV americana Foto: Reprodução| Foto:

O jornalista Jorge Ramos, âncora da Univisión, emissora de TV dos EUA com programação voltada para a comunidade hispano-americana, narrou em sua coluna no jornal The New York Times, publicada também na Gazeta do Povo, detalhes de sua expulsão da Venezuela, ocorrida na terça-feira (26), após uma tentativa de entrevistar o ditador Nicolás Maduro.

O jornalista conta que iniciou a entrevista no palácio presidencial questionando Maduro sobre seu status de ditador. Em seguida, confrontou-o com perguntas sobre violações de direitos humanos, casos de tortura e prisões políticas no país.

“Questionei sua alegação de que havia vencido as eleições de 2013 e 2018 sem fraude e, o mais importante, suas garantias de que a Venezuela não estava passando por uma crise humanitária”, relata.

Quando mostrou a Maduro um vídeo de três jovens venezuelanos procurando comida em um caminhão de lixo, “o ditador explodiu” e encerrou a conversa, afirmou Ramos. A ideia era contrapor com imagens a versão oficial do governo, de que a Venezuela era um país próspero e progressista.

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Seguranças intervêm

Agentes de segurança confiscaram as quatro câmeras e os cartões de memória da equipe, nos quais estava gravada a entrevista. Ramos e a produtora María Martínez foram levados a uma sala, onde os seguranças pediram ao jornalista que entregasse seu celular. Quando ele recusou fazê-lo, os agentes tomaram o aparelho e os demais pertences de Martínez, revistando em seguida ele e a produtora.

Momentos antes, porém, Martínez havia conseguido ligar para o presidente da Univisión News, Daniel Coronell, que advertiu o Departamento de Estado dos EUA e anunciou aos meios de comunicação o que acontecera. Depois de o ocorrido se tornar público, os seguranças acabaram liberando Ramos e sua equipe.

Expulsão

No dia seguinte, eles foram expulsos do país. O celular do jornalista foi devolvido com todo o conteúdo apagado. Em seu depoimento ao Times, ele disse que o que viveram “foi apenas uma pequena amostra do assédio e abuso sofridos durante anos pelos jornalistas venezuelanos”.

“O que teme Maduro? Ele deveria permitir que o mundo visse a entrevista. Se não o fizer, só terá provado que se comporta precisamente como um ditador”, declarou o jornalista.

Antes de Maduro: Trump

Essa não é a primeira vez que o âncora incomoda políticos.

Em 2015, durante um evento da campanha de Donald Trump para a presidência, o jornalista confrontou o então candidato, dizendo que seu plano de imigração -que incluía deportar estrangeiros sem documentação e dar um fim ao direito à cidadania a todos os que nascem nos EUA- era “repleto de promessas vazias”.

Na ocasião, seguranças chegaram a retirar Ramos do evento. Trump qualificou o âncora, que tem origem mexicana, de “uma pessoa muito emotiva” e disse que o jornalista “estava vociferando e delirando como um louco” durante a coletiva.

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