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A jornalista filipina Maria Ressa, em foto de maio de 2019, e o jornalista russo Dmitry Muratov, em foto de junho de 2012. Os dois jornalistas venceram o Prêmio Nobel da Paz de 2021
A jornalista filipina Maria Ressa, em foto de maio de 2019, e o jornalista russo Dmitry Muratov, em foto de junho de 2012. Os dois jornalistas venceram o Prêmio Nobel da Paz de 2021| Foto: EFE/EPA/JEROME FAVRE/SERGEI CHIRIKOV

A jornalista filipina Maria Ressa e o jornalista russo Dmitry Muratov venceram o Prêmio Nobel da Paz de 2021 por seus esforços para defender a liberdade de expressão, anunciou o comitê do Prêmio Nobel nesta sexta-feira (8).

Eles foram reconhecidos por sua "batalha corajosa pela liberdade de expressão nas Filipinas e na Rússia". Em seu anúncio, o comitê do Prêmio Nobel afirmou que a defesa do jornalismo é essencial para garantir paz e estabilidade.

Maria Ressa usa a liberdade de expressão para expor "abusos de poder, uso da violência e crescente autoritarismo" no seu país, as Filipinas. Em 2012, ela co-fundou o Rappler, uma empresa de mídia digital para jornalismo investigativo. "Como jornalista e diretora executiva do Rappler, Ressa tem se mostrado uma defensora destemida da liberdade de expressão", afirmou o comitê.

Jornalista Maria Ressa, das Filipinas, uma dos vencedores do Prêmio Nobel da Paz 2021
Jornalista Maria Ressa, das Filipinas, uma dos vencedores do Prêmio Nobel da Paz 2021| EFE/EPA/JUSTIN LANE

Desde o seu lançamento, o Rappler se tornou uma das plataformas de mídia mais populares do país, oferecendo reportagens e chamadas para o ativismo social. Repórteres da organização revelaram casos de corrupção do governo e de figuras públicas e denunciaram os abusos e atos violentos da campanha antidrogas do presidente filipino, Rodrigo Duterte.

"O número de mortes é tão alto que a campanha se assemelha a uma guerra travada contra a própria população do país", afirmou o comitê.

As denúncias de execuções extrajudiciais na guerra às drogas comandada por Duterte causaram a ira do presidente filipino. Em 2017, Duterte declarou que o site de notícias era "de propriedade total de americanos". Em seguida, uma investigação foi aberta contra o jornal, que teve a sua licença revogada pelo governo em 2018. Maria Ressa já foi presa, condenada por "difamação cibernética", em casos controversos vistos como um golpe à liberdade de imprensa no país.

Dmitry Andreyevich Muratov "tem defendido há décadas a liberdade de expressão na Rússia, sob condições cada vez mais desafiadoras", disse o comitê. Em 1993, ele foi um dos fundadores do jornal independente Novaya Gazeta e desde 1995 é editor-chefe da publicação.

O jornalista Dmitry Muratov, da Rússia, um dos vencedores do Prêmio Nobel da Paz de 2021
O jornalista Dmitry Muratov, da Rússia, um dos vencedores do Prêmio Nobel da Paz de 2021

O comitê descreveu o veículo de imprensa como "o mais independente da Rússia hoje, com uma atitude fundamentalmente crítica em relação ao poder".

Pessoas que foram expostas pelo jornal por casos de corrupção responderam com assédio, ameaças, violência e até assassinato. Seis dos repórteres do jornal já foram mortos, incluindo Anna Politkovskaia, que escreveu reportagens sobre a guerra na Chechênia em que denunciou o governo de Vladimir Putin por violações de direitos humanos.

Ela foi assassinada aos 48 anos em Moscou, em um crime que completou 15 anos na quinta-feira, 7 de outubro. Na data, Putin comemorava seu aniversário de 54 anos, e alguns opositores acreditaram que o crime teria sido um "presente" ao presidente russo.

"Apesar dos assassinatos e de ameaças, o editor-chefe da Novaya Gazeta Dmitry Muratov recusou-se a abandonar a política independente do jornal. Ele tem consistentemente defendido os direitos dos jornalistas", afirmou o comitê.

O comitê escolheu os vencedores do Prêmio Nobel da Paz de 2021 entre 329 candidatos. Os jornalistas dividirão o prêmio de 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 6,3 milhões).

Quem são os vencedores do Prêmio Nobel 2021

O vencedor do Nobel de Literatura de 2021 foi o romancista nascido em Zanzibar Abdulrazak Gurnah, autor de diversas obras que tratam da questão dos refugiados e imigrantes.

O Nobel de Química deste ano foi para Benjamin List e David W. C. MacMillan, cientistas que desenvolveram uma ferramenta para a construção de moléculas que levou a avanços a indústria farmacêutica e à criação de compostos mais "verdes".

O Prêmio Nobel de Física foi anunciado na terça-feira, para Syukuro Manabe, Klaus Hasselmann e Giorgio Parisi. O Comitê disse que o trabalho deles é essencial para a compreensão das mudanças do clima na Terra e sobre como a humanidade influencia essas mudanças.

Na segunda-feira, o Prêmio Nobel de Medicina ou Fisiologia foi concedido a David Julius e Ardem Patapoutian, por seus estudos sobre como o corpo humano percebe calor e toque, que levaram ao desenvolvimento de analgésicos.

O vencedor do Prêmio Nobel 2021 em Economia será anunciado na segunda-feira (11).

Quem já venceu o Nobel da Paz

O Prêmio Nobel da Paz já foi concedido 102 vezes a 137 laureados entre 1901 e 2021, sendo 109 indivíduos e 28 organizações. Relembre quem venceu o prêmio nos últimos dez anos:

  • 2020: Programa Alimentar Mundial
  • 2019: Abiy Ahmed Ali, primeiro-ministro da Etiópia, por sua "iniciativa de resolver o conflito na fronteira com a Eritreia"
  • 2018: Denis Mukwege (República Democrática do Congo) e Nadia Murad (Iraque), "por seus esforços pelo fim do uso da violência sexual como uma arma de guerra e de conflito armado"
  • 2017: Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares (ICAN)
  • 2016: Juan Manuel Santos, presidente da Colômbia, por "esforços para trazer a guerra civil de mais de 50 anos do país a um fim"
  • 2015: Quarteto para o Diálogo Nacional da Tunísia, pela "contribuição decisiva para a construção de uma democracia pluralista" no país
  • 2014: Kailash Satyarthi (Índia) e Malala Yousafzai (Paquistão), "por sua luta contra a repressão de crianças e jovens e pelo direito de todas as crianças à educação"
  • 2013: Organização para a Proibição de Armas Químicas
  • 2012: União Europeia, "por mais de seis décadas de contribuição ao avanço da paz e reconciliação, democracia e direitos humanos na Europa"
  • 2011: Ellen Johnson Sirleaf, Leymah Gbowee e Tawakkol Karman, "pela sua luta não-violenta pela segurança de mulheres"
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