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Partido Comunista chinês quer que Ou Hongyi, que também atende pelo nome inglês de Howey, desista do ativismo ambiental se quiser voltar a estudar (Foto: Reprodução/Twitter/@howey_ou)
Partido Comunista chinês quer que Ou Hongyi, que também atende pelo nome inglês de Howey, desista do ativismo ambiental se quiser voltar a estudar (Foto: Reprodução/Twitter/@howey_ou)| Foto:

Primeira jovem na China a se envolver em ativismo ambiental, Ou Hongyi, 17 anos, tem sido alvo de perseguição pelas autoridades chinesas, que veem o ativismo como um desafio ao controle do regime. A adolescente, que também atende pelo nome inglês de Howey, chegou impedida de continuar os estudos enquanto estiver envolvida com o ativismo ambiental.

“As pessoas aqui não podem protestar ou tomar atitudes sobre a mudança climática. Mesmo que as pessoas queiram mudar as coisas, elas acham que o ativismo na China vai fracassar e que o custo é muito alto”, diz Ou.

Ou afirma que foi informada pelas autoridades chinesas que deveria abandonar o ativismo ambiental se quisesse retornar aos estudos na escola secundária de Guilin, ligada à Universidade Normal de Guangxi, no Sul da China, onde ela estudou até o final de 2018. A jovem suspendeu os estudos depois de saber que “não era adequada” para o programa internacional da universidade. Ou Hongyi decidiu estudar para o Teste de Inglês como Língua Estrangeira (TOEFL, sigla em inglês) e para os exames de admissão para faculdades dos Estados Unidos por conta própria.

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A jovem conta que o diretor da escola onde estudava, Li Linbo, disse em uma reunião em 29 de maio que ela deveria prometer encerrar seu ativismo climático antes de ser readmitida. Segundo Ou, seus pais também foram chamados várias vezes pelas autoridades da província, que pediram que a adolescente pare com o ativismo climático e não conceda entrevistas para a mídia estrangeira.

“Esperamos que ela possa se formar no Ensino Médio, ingressar na universidade e esperar que possa prestar menos atenção às questões da mudança climática”, diz o pai da jovem, Ou Jun.

“Greta chinesa”

Ou Hongyi ganhou destaque após conduzir uma manifestação pública pela mudança climática em frente a escritórios do governo em Guilin no final de maio. Na ocasião, a ativista Greta Thunberg a chamou de “verdadeira heroína”. A polícia chinesa, por outro lado, interrompeu o protesto e Ou foi interrogada por funcionários do Departamento de Segurança Pública de Guangxi.

Ou é um dos dois únicos chineses a ganhar “bilhetes verdes” neutros em carbono oferecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) a 100 jovens em todo o mundo. A adolescente foi indicada pelo grupo de jovens ativistas Earth Uprising para viajar para a cúpula climática das Nações Unidas em Nova York – viagem que quase foi cancelada devido à preocupação de que ela não seguisse o roteiro do governo chinês.

Desde quando suspendeu os estudos, Ou iniciou sua própria iniciativa ambiental, chamada Plant for Survival, que incentiva jovens na China a plantar mais árvores. De novembro passado a janeiro deste ano, o grupo plantou mais de 300 árvores na região de Guilin. “Não quero parar. Quero que mais pessoas saibam sobre mudança climática”, diz Ou.

Contra a ação coletiva

Segundo Kecheng Fang, professor da escola de jornalismo da Universidade Chinesa de Hong Kong, a repressão das autoridades chinesas não é sobre a mudança climática, mas sim sobre o envolvimento com uma ação coletiva. “Não importa que tipo de ação coletiva seja, é considerada altamente sensível”, explica.

“A lógica é que você basicamente pode falar sobre os tópicos considerados menos sensíveis, mas depende de como você fala sobre isso”, acrescenta Fang.

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