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Uma televisão noticia a primeira visita oficial do ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un (E) à China, em março. Ao lado dele, o presidente chinês Xi Jinping | SeongJoon ChoBloomberg
Uma televisão noticia a primeira visita oficial do ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un (E) à China, em março. Ao lado dele, o presidente chinês Xi Jinping| Foto: SeongJoon ChoBloomberg

O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, está visitando a China nesta terça e quarta-feira, segundo informou a imprensa estatal chinesa.

A visita ocorre uma semana depois do encontro histórico entre Kim e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Cingapura, e um dia depois que o governo norte-americano confirmou que cancelará os exercícios militares com a Coreia do Sul na Península Coreana, os quais estavam marcados para agosto. 

Embora nem o governo chinês nem o norte-coreano tenham divulgado detalhes sobre o itinerário, a terceira visita de Kim à China serve como lembrete do papel fundamental de Pequim na diplomacia do leste asiático e dos laços estreitos com Pyongyang. Também ilustra o quanto o líder, que já foi recluso, está viajando para o exterior desde que Trump concordou com o encontro de Cingapura - quando Kim fez sua primeira viagem ao exterior no final de março, ele viajou em segredo via trem blindado e não foi anunciado até que ele estivesse em segurança em casa.

Na cúpula de 12 de junho em Cingapura, Trump e Kim anunciaram o esboço de um acordo que está alinhado com o plano de "suspensão dupla" que já havia sido proposto pela China - que pede à Coreia do Norte que suspenda o teste nuclear em troca da suspensão de exercícios militares dos EUA e Coreia do Sul. 

Agora que alguma versão dessa estratégia parece estar em andamento, Kim e o presidente chinês Xi Jinping presumivelmente discutirão os próximos passos para um possível acordo de paz, especificamente o apelo da cúpula para a "completa desnuclearização da Península Coreana". 

Saiba mais: Os interesses e o papel da China nas negociações de paz na Península Coreana 

Xi pode ajudar ou prejudicar as negociações entre Trump e Kim. A China fornece mais de 80% das importações da Coreia do Norte e a doação do jato da Air China Ltd., que levou Kim a Cingapura na semana passada, destacou o papel do país em garantir sua segurança.

“Kim está contatando amigos e rivais tradicionais e isso realmente complica a posição norte-americana de maximizar a pressão sobre a Coreia do Norte", disse Stephen Nagy, professor sênior da International Christian University, em Tóquio.

Há sinais de desacordo entre os líderes de Estados Unidos e Coreia do Norte quanto ao ritmo e sequência do desarmamento da Península Coreana e ao alívio das sanções sobre a Coreia do Norte. Trump e o líder das negociações, o secretário de Estado Mike Pompeo, disseram que Kim só verá as sanções serem aliviadas depois que ele "desnuclearizar a Coreia do Norte completamente". Já a mídia estatal norte-coreana afirmou que o presidente norte-americano concordou com um processo "passo a passo". 

Cancelamento dos exercícios militares

Os EUA e a Coreia do Sul anunciaram na manhã de terça-feira, horário de Seul, que ambos concordaram em adiar indefinidamente as manobras militares Ulchi Freedom Guardian, planejadas para o final de agosto e início de setembro. A porta-voz do Pentágono, Dana White, disse que nenhum outro exercício conjunto seria afetado por enquanto. 

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Os exercícios anuais foram iniciados em 1968, após uma fracassada invasão do palácio presidencial sul-coreano pelos comandos norte-coreanos. Embora os aliados os descrevam como defensivos e destinados a melhorar a coordenação entre as duas nações, a Coreia do Norte disse, no ano passado, que os exercício militares arriscam desencadear uma guerra acidental. 

O cancelamento se alinha à pressão da China por um processo de "suspensão por suspensão", no qual cada lado criaria confiança por meio de uma série de gestos diplomáticos e militares. Na semana passada, a China pediu ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que revisasse as sanções contra o regime de Pyongyang. 

No período que antecedeu a cúpula de Cingapura, Kim visitou a China duas vezes para se encontrar com Xi Jinping. Durante a reunião de março em Pequim, Xi disse a Kim que a China havia feito uma "escolha estratégica" para ter laços amigáveis com a Coreia do Norte e que "permaneceriam inalterados sob quaisquer circunstâncias". 

"Agora a bola está com a Coreia do Norte", disse Shin Beomchul, diretor do Centro de Segurança e Unificação do Instituto Asan para Estudos de Políticas. "Se Kim responder com sinceros passos de desnuclearização, mais exercícios planejados serão suspensos, o que eventualmente poderá levar a discussões para reduzir as forças militares norte-americanas na Coreia do Sul."

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