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O primeiro-ministro britânico, David Cameron, vai divulgar nesta terça-feira um relatório sobre o Domingo Sangrento (Bloody Sunday), como ficou conhecida a matança de 13 manifestantes na provincia da Irlanda do Norte por tropas britânicas. O anúncio alimentou esperança de justiça e o temor de um ressurgimento das tensões.

O relatório de 5 mil páginas levou 12 anos para ser concluído e é o mais caro na história da Justiça britânica, com custo próximo de 200 milhões de libras (293 milhões de dólares). Presidido por lorde Saville, um juiz britânico, o inquérito recolheu evidências apresentadas por 2.500 pessoas de 1998 a 2004.

As famílias das vítimas esperam que o relatório mostre que seus parentes estavam desarmados e atribua a culpa nos soldados por um fato que mudou o curso da violência política e sectária que irrompeu na Irlanda do Norte no fim dos anos 1960, a qual passou a ser conhecida na história britânica como "Os Problemas" ("The Troubles").

"Nós queremos a verdade, uma declaração de inocência e uma recomendação para que os soldados responsáveis sejam processados," disse Mickie McKinney, cujo irmão Willie morreu quando soldados abriram fogo durante uma passeata não autorizada em defesa dos direitos civis na cidade de Londonderry em 30 de janeiro de 1972, um domingo.

Mas os críticos temem que a reabertura das feridas de 38 anos atrás possa causar problemas para o vacilante processo de paz na Irlanda do Norte.

"Acho que muitas pessoas ficariam chocadas se os soldados fossem perseguidos, mas outras pessoas que infringiam a lei cotidianamente não fossem," disse Gregory Campbell, membro do Parlamento, representando uma área de Londonderry pelo Unionistas Democráticos, grupo que defende a união da província com a Grã-Bretanha.

Ele se referia aos vários assassinos dos dois lados do conflito que foram soltos da prisão como parte do processo de paz lançado em 1998, conhecido como Acordo da Sexta-feira Santa.

Em Londonderry, um telão foi montado diante da prefeitura, no centro, para os moradores acompanharem o momento em que Cameron apresentará o relatório ao Parlamento britânico, em Londres, às 11h30 (horário de Brasília).

O Domingo Sangrento atraiu centenas de novos voluntários para o clandestino Exército Republicano Irlandês (IRA, na sigla original), grupo que ampliou sua campanha brutal para que a Irlanda do Norte rompesse a união com a Grã-Bretanha e se tornasse parte da República da Irlanda.

Com cerca de 500 mortes, 1972 se tornou o ano mais sangrento no conflito da Irlanda do Norte. O IRA lutava contra as autoridades britânicas e grupos armados unionistas que combatiam para manter a província sob o controle de Londres.

O inquérito Saville é resultado de uma promessa do ex-primeiro-ministro Tony Blair em um momento em que tentava garantir o apoio dos republicanos para o acordo de paz.

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