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A Casa Branca classificou a obra de Wolf como "fofoca de tabloide" | ANDREW CABALLERO-REYNOLDS/
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A Casa Branca classificou a obra de Wolf como "fofoca de tabloide"| Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS/ AFP

O livreiro Lynn Schwartz, 43, não se lembra de outro lançamento que tenha provocado tamanho frisson em Washington.  

"A única coisa equivalente foi Harry Potter", disse Schwartz, gerente de uma livraria a poucas quadras da Casa Branca.  

Aberta tradicionalmente até uma hora da manhã, a Kramerbooks esgotou em 25 minutos o estoque do livro "Fire and Fury" (Fogo e Fúria, em tradução livre), do jornalista Michael Wolff, na madrugada desta sexta (5). Dezenas de pessoas fizeram fila a partir da meia-noite, no frio de -11ºC, para conseguir uma cópia.  

Pela manhã, um aviso na porta da livraria alertava: "Fire and Fury: esgotado!". Mas o telefone não parava de tocar com interessados em entrar na lista de espera.  

A obra, que descreve os bastidores da Casa Branca no governo de Donald Trump, teve o lançamento adiantado em cinco dias - depois de causar um terremoto político ao tornar públicas as críticas de integrantes do governo a Trump e causar o rompimento entre o republicano e um de seus principais aliados, o estrategista Steve Bannon.  

O autor, que afirma ter feito cerca de 200 entrevistas com membros do governo e da campanha de Trump, descreve uma gestão de improvisos, um presidente mal informado que só confia em sua intuição e um candidato que nem sequer acreditava que seria eleito, entre outros relatos.  

O livro era o mais vendido da Amazon nesta sexta (5), e ganhou ainda mais notoriedade depois que Trump tentou proibir sua circulação, ao enviar uma carta à editora, ameaçando entrar com ações judiciais caso a obra não fosse suspensa imediatamente.  

A Casa Branca classificou a obra como "fofoca de tabloide" e disse que ela está cheia de informações "risíveis e falsas". Trump ficou "furioso" com a obra e afirmou, nesta sexta (5), que nunca autorizou o acesso de Wolff à Casa Branca, que não deu entrevista para o autor e que o livro está repleto de "mentiras, deturpações e fontes que não existem".  

"É um livro falso", afirmou o presidente.  

Relatos  

Wolff teve livre acesso à Casa Branca nos primeiros meses do governo, sob autorização de Bannon -um ícone da nova direita americana, editor do site de notícias "Breitbart" e, na época, um dos assessores mais controversos e mais próximos de Trump, de quem foi estrategista-chefe até ser demitido, em agosto, após os protestos supremacistas em Charlottesville, na Virgínia.  

São de Bannon algumas das críticas mais severas ao presidente, como afirmar que ele "perdeu" a mão no governo e que uma reunião de membros da campanha com um informante russo - da qual participaram o filho e o genro de Trump- foi "antipatriótica".  

Nesta manhã, o presidente chamou Bannon de "Steve descuidado" e "vazador". Antes, já afirmara que ele "perdeu a cabeça".  

No livro, Wolff ainda sustenta que Trump não acreditava, de fato, que seria eleito presidente, mas que via sua campanha como uma forma de ganhar fama e projeção para sua família.  

A Katie Walsh, ex-chefe de gabinete de Trump, é atribuída a afirmação de que lidar com Trump é "como tentar descobrir o que uma criança quer", em função de seu comportamento errático e da insegurança que demonstra ter ao tomar decisões.  

Walsh, assim como outras fontes citadas no livro, negaram parte das declarações atribuídas a elas. Algumas têm dito que o autor desrespeitou acordos de "off the records" (quando uma fonte fala sob anonimato). Mas o comentário geral em Washington é que, se alguns dos registros são imprecisos ou parecem forçados, o contexto geral sobre a insegurança da equipe em relação ao presidente é verossímil.  

Wolff afirma que sustenta sua apuração. Já a editora Henry Holt & Co informou que vê o livro como "uma extraordinária contribuição para o diálogo nacional".

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