Com pouco mais de um mês no cargo, Liz Truss deixa de ser a primeira-ministra britânica e presidente do Partido Conservador nesta quinta-feira (20). Alcançando uma desaprovação popular de 80%, segundo o YouGov, e tendo o apoio de apenas 38% da legenda, Truss foi pressionada a renunciar, após ter sido eleita, no começo de setembro, com 57% dos votos do partido.
“Reconheço que, dada a situação, não posso entregar o mandato pelo qual fui eleita pelo Partido Conservador. Portanto, falei com Sua Majestade o Rei para notificá-lo de que estou renunciando ao cargo de líder do Partido Conservador”, disse Truss.
Nesta semana, a conservadora já havia anunciado a retirada do plano econômico que apresentou nas primeiras semanas à frente de Downing Street. As propostas de campanha da primeira-ministra britânica, Liz Truss, giravam em torno do "mini-orçamento", com o menor Estado e os menores impostos possíveis. O plano econômico desenhado por Truss e o antigo ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng, e apresentado no final de setembro, no entanto, foi anulado devido à crise que se agravou no país.
“Esta manhã encontrei o presidente do Comitê de 1922, Sir Graham Brady. Concordamos que haverá uma eleição de liderança a ser concluída na próxima semana. Isso garantirá que permaneçamos no caminho para entregar nossos planos fiscais e manter a estabilidade econômica e a segurança nacional de nosso país”, apontou Truss.
Na segunda-feira (17), em entrevista à BBC, a premiê pediu desculpas pelo plano econômico proposto por ela não ter funcionado. "Continuo acreditando no crescimento e em uma economia baseada em impostos baixos (…), mas fomos rápido demais", explicou Truss.
Além da queda da premiê, em menos de dois meses, houve dança das cadeiras de dois ministros. Na sexta-feira passada (14), a pasta das Finanças deixou de ser chefiada pelo arquiteto do "mini-orçamento" para a chegada de Jeremy Hunt, ex-ministro da Saúde de David Cameron e Theresa May, considerado “moderado”.
Já na quarta-feira (19) Suella Braverman, Ministra do Interior, renunciou ao cargo, alegando, como motivo para sua demissão, ter usado sua conta de e-mail pessoal para enviar um documento oficial para um colega, um “erro” e uma “infração técnica”, pelos quais ela disse aceitar sua responsabilidade. “Renuncio”, escreveu a ex-ministra na carta. Braverman disse ainda estar “seriamente” preocupada com as políticas do governo. “Fingir que não cometemos erros, agir como se ninguém pudesse ver que nós cometemos esses erros e esperar que as coisas fiquem bem por arte da magia não é uma política séria”, acrescentou. Grant Shapps, ex-ministro dos Transportes, foi o novo nomeado horas depois como ministro do Interior.
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