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O presidente dos EUA, Donald Trump, em imagem de setembro de 2020.
O presidente dos EUA, Donald Trump, em imagem de setembro de 2020.| Foto: AFP

As mortes provocadas pela covid-19 diminuem o apoio à reeleição do presidente Donald Trump. Estudo divulgado nesta sexta-feira (30) na revista Science indica que locais dos EUA mais afetados pela pandemia se tornam menos propensos a votar em candidatos republicanos. Para os pesquisadores, o cenário também pode interferir no resultado de Estados-chave, onde a disputa é historicamente acirrada.

Primeiro lugar do mundo em número absoluto de mortes, os EUA registraram mais de 9 milhões de casos e 234 mil mortes por coronavírus, segundo a organização Worldometers, que compila estatísticas de órgãos oficiais. Para analisar o impacto político da covid-19, os autores da pesquisa cruzaram curvas epidemiológicas e a distribuição de casos com dados populacionais e de intenção de voto.

"Nossos resultados mostram que a pandemia de covid-19 já prejudicou substancialmente a posição do presidente Trump", afirma o artigo, assinado por Christopher Warshaw, da Universidade George Washington, e Lynn Vavreck e Ryan Baxter-King, da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA). O estudo considera informações coletadas até 29 de julho, quando os EUA ainda estavam no patamar de 150 mil mortes.

Na avaliação dos autores, é possível afirmar que as taxas de letalidade da doença são pelo menos tão importantes quanto o desempenho econômico local na hora de declarar apoio na eleição. Os óbitos também dificultam o cenário de outros candidatos republicanos na corrida por cadeiras no Congresso.

Em condados que viram o número de mortes por 100 mil habitantes dobrar em 30 dias, o eleitor tem 0,14% menos chance de aderir, em média, à campanha de Trump contra o democrata Joe Biden, segundo aponta o estudo. Por sua vez, o índice chega a 0,37% no recorte por Estado.

Para o Senado, os cientistas estimam que a probabilidade de um candidato republicano receber apoio é 0,28% menor nos condados e 0,79% nos Estados com alta letalidade. Já em relação à Câmara dos Deputados, os indicadores atingem 0,22% e 0,58%, respectivamente, em cada nível de referência.

Com base nos resultados, a equipe de cientistas sugere que os efeitos das mortes por covid podem ser especialmente decisivos em Estados ainda sem definição, como Michigan, Wisconsin, Pensilvânia, New Hampshire, Arizona e Flórida. Essa hipótese, no entanto, não foi testada explicitamente na análise.

"Todos esses Estados tiveram margens apertadas na eleição presidencial de 2016. A margem de Michigan foi particularmente estreita (0,2 ponto porcentual), assim como a de New Hampshire (0,4 ponto porcentual)", afirmam. "Isso pode direcionar a eleição presidencial e do Senado para os democratas."

Estados decisivos

Para avaliar as percepções políticas, os cientistas se valeram de pesquisa online com mais de 300 mil pessoas. Destas, 6,4 mil foram entrevistadas semanalmente desde o ano passado e responderam a perguntas sobre preferências eleitorais.

Nos 13 Estados considerados cruciais que podem ser decisivos, de acordo com projeções do Cook Political Report, a média semanal de novos casos relatados diariamente aumentou 45% nas últimas duas semanas, de menos de 21 mil, em 14 de outubro, para mais de 30 mil, em 28 de outubro.

Iowa, Michigan, Minnesota e Pensilvânia atingiram recordes semanais nos últimos dias e, na Flórida e na Geórgia, a contagem está crescendo novamente depois de ter caído no terceiro trimestre do ano.

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