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Mauricio Macri, presidente da Argentina e candidato à reeleição (dir.), e candidato à presidência Alberto Fernández no primeiro debate presidencial em Santa Fé, 13 de outubro de 2019
Mauricio Macri, presidente da Argentina e candidato à reeleição (dir.), e candidato à presidência Alberto Fernández no primeiro debate presidencial em Santa Fé, 13 de outubro de 2019| Foto: RONALDO SCHEMIDT / AFP

Vivendo uma profunda crise econômica que levou milhões à pobreza, a Argentina se prepara para ir às urnas em 27 de outubro, em um ambiente altamente polarizado.

De um lado, o presidente Mauricio Macri, que começou seu governo prometendo reavivar uma economia destruída por anos de políticas irresponsáveis dos governos de esquerda, mas que agora termina seu mandato tendo que usar dessas mesmas medidas populistas - que incluíram controle de preços e um calote parcial na dívida externa - para tentar salvar sua campanha de reeleição em meio ao agravamento da crise econômica.

Do outro, o peronista Alberto Fernández e sua vice Cristina Kirchner, que, além de ter levado o país a uma derrocada econômica durante seu governo (2007-2015), é acusada de corrupção em vários processos.

Será uma grande surpresa se a chapa kirchnerista não vencer as eleições em um primeiro turno. As primárias obrigatórias, realizadas em agosto, mostraram uma ampla vantagem da dupla Fernández-Kirchner em relação a Macri e seu vice peronista, Miguel Pichetto. As chances de uma terceira via, que se mostrava como uma opção viável na metade do ano, caíram por terra.

Neste domingo (13), em Santa fé, ambos protagonizaram o primeiro debate presidencial da campanha, que também contou a participação dos outros quatro candidatos: Roberto Lavagna, Nicolás del Caño, José Luis Espert e Juan José Gómez Centurión.

Enquanto Fernández assumiu uma postura agressiva, questionando políticas de governo de Macri e citando dados de uma economia deteriorada, o presidente buscou evidenciar as semelhanças de Fernández com os governos Kirchner. O evento serviu para mostrar como cada um está usando as suas vantagens e as desvantagens alheias nessa etapa final da campanha eleitoral.

Venezuela

Macri está tentando convencer o eleitorado argentino que Fernández será condizente com o regime do ditador venezuelano, Nicolás Maduro. No debate, ele disse que no seu governo a Argentina deixou "de ter como sócio estratégico a Venezuela", sinalizando a decisão que formalizou na sexta-feira de reconhecer a representante do opositor venezuelano Juan Guaidó como embaixadora da Venezuela na Argentina, cortando laços com o regime de Nicolás Maduro.

O candidato à vice de Macri, o peronista Miguel Pichetto, disse nesta segunda que Fernández não pode se declarar categoricamente contra a ditadura porque sua parceira de chapa "negocia com (Nicolás) Maduro e Raúl Castro".

Enquanto isso, Alberto Fernández diz que vai tirar a Argentina do Grupo de Lima se for eleito. A organização foi criada com o objetivo de restaurar a democracia na Venezuela e é conhecida pelo forte posicionamento contra Maduro. Fernández diz que, se eleito, passará a adotar uma política semelhante à de México e Uruguai, que reconhecem o governo chavista e defendem que a crise seja solucionada internamente e com diálogo.

Economia

Fernández tem muita munição para bater em Macri quanto às políticas de governo. O presidente havia prometido tirar o país do atoleiro econômico, mas sob seu governo os dados só pioraram - em parte por culpa de suas próprias políticas e em outra por crises internacionais que mexeram com o mercado argentino. Durante o debate, ele expôs as promessas não cumpridas do atual mandatário, insistindo em mostrar que Macri está longe da realidade.

Além disso, Fernández explora a relação do atual governo com o FMI, uma instituição que deixou traumas na Argentina em outras épocas, o crescimento da pobreza, da fome e a até uma diminuição dos investimentos em saúde durante o governo do seu rival.

Macri, por sua vez, admite que seu governo não fez o bastante para evitar o agravamento da crise, mas lembra que ela se originou nos governos kirchneristas. No debate deste domingo, o presidente lembrou que, após romper com Cristina em 2008, Fernández a acusou de ter destruído a economia.

Macri também está usando a seu favor políticas públicas de seu governo que são bem vistas pelo eleitorado, como a luta contra máfias e corrupção, a promoção de exportações e a política externa - o acordo do Mercosul com a União Europeia é um de seus trunfos neste quesito.

Corrupção

O histórico comprometedor da ex-presidente Cristina Kirchner conta pontos para Macri. Ela é acusada de corrupção em vários processos - mais recentemente no caso dos “cuadernos de las coimas”, que revelou um esquema pagamento de propina para políticos do alto escalão dos governos de Néstor Kirchner e Cristina Kirchner. Para o segundo debate, que ocorrerá no próximo domingo, Macri deve usar mais o nome de Cristina Kirchner para lembrar o eleitorado do legado desastroso deixado por uma década de kirchnerismo na Argentina.

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