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Protestos dos trabalhadores dos transportes na França
Membros da CGT protestam na sede da operadora de transportes públicos da França, em 13 de setembro de 2019| Foto: STEPHANE DE SAKUTIN/AFP

O governo do francês Emmanuel Macron está enfrentando a maior greve de transporte em Paris em mais de uma década, enquanto tenta aprovar uma reforma da previdência.

A greve foi convocada por sindicatos que representam trabalhadores dos transportes que temem mudanças no sistema previdenciário da França - cujos detalhes ainda não foram definidos - que os privarão do direito de se aposentar mais cedo do que os trabalhadores do setor privado. Estão previstas novas greves nos próximos dias sobre outros assuntos, e os sindicatos também estão se preparando para se opor às mudanças nos sistemas de seguro-desemprego da França.

O verão de Macron foi focado em questões de política externa, como a Amazônia e a briga com o presidente Jair Bolsonaro. Agora, internamente, ele tem receio de provocar uma repetição dos protestos dos "Coletes Amarelos", que tiveram início em novembro do ano passado. Prova disso é que o governo voltou atrás e prometeu consultar sindicatos e organizações empresariais antes de apresentar a reforma da previdência ao parlamento no primeiro semestre do próximo ano.

Nesta sexta-feira dez linhas do metrô na capital francesa estavam totalmente paradas. Outras quatro linhas estavam rodando com menos de um terço do número normal de trens. Duas linhas que são totalmente automatizadas estavam funcionavam, mas a agência que administra o transporte de Paris disse que elas corriam o risco de ficar sobrecarregadas devido às multidões. A imprensa francesa informou que 280 quilômetros de congestionamentos foram registrados em Paris e algumas linhas ferroviárias metropolitanas também não operando.

O complicado sistema de aposentadoria da França

"A participação na greve mostra que este é um assunto sério", disse Philippe Martinez, chefe do sindicato da Confederação Geral do Trabalho, à televisão Franceinfo na sexta-feira. "Nada justifica que tenhamos que trabalhar mais por nossas aposentadorias. Temos um dos melhores sistemas de aposentadoria do mundo".

Enquanto a maioria dos franceses deve esperar até 62 anos para poder receber benefícios de aposentadoria, alguns trabalhadores de transporte de Paris podem se aposentar aos 51 anos. A idade média de aposentadoria de um trabalhador de transporte de Paris é de 53 anos, de acordo com um relatório do Senado, em comparação com uma média nacional de 63 para todos os trabalhadores. A aposentadoria média para um trabalhador de transporte de Paris é de 3,7 mil euros (R$ 16,6 mil) por mês, segundo o Senado, quase três vezes a média nacional.

A França possui 42 sistemas de aposentadoria diferentes, de acordo com um relatório recente do governo, e os trabalhadores estatais e do setor privado operam sob diferentes regimes. O governo de Macron pretende unificar o maior número possível deles. Os três últimos presidentes franceses tentaram, de uma maneira ou de outra, fazer o mesmo, e todos recuaram diante dos protestos.

"Aconteça o que acontecer, precisamos contar a verdade ao francês: dadas as mudanças demográficas e o vínculo entre trabalhadores e aposentados, teremos que trabalhar por mais tempo", disse o primeiro-ministro Edouard Philippe nesta quinta-feira (12).

De olho nas eleições

Os sindicatos estão planejando mais greves e protestos nos dias 20, 24 e 27 de setembro, cobrindo questões como salários, clima e aposentadoria. Além disso, o que resta do movimento Coletes Amarelos se uniu a outros grupos militantes para convocar grandes marchas em 21 de setembro.

Macron não será testado nas urnas até 2022, mas qualquer turbulência seria um cenário indesejável, pois ele se prepara para as eleições municipais em 2020, essenciais para o desenvolvimento de seu partido de apenas três anos de idade.

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