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Ditador de Cuba, Miguel Díaz-Canel, e ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, em 30 de maio de 2018
Ditador de Cuba, Miguel Díaz-Canel, e ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, em 30 de maio de 2018| Foto: Miguel Gutiérrez/Agência EFE/Gazeta do Povo

O ditador venezuelano, Nicolás Maduro, disse no começo da semana que estava disposto a negociar com representantes do opositor Juan Guaidó, em um novo esforço de diálogo entre as partes que vem sendo coordenado pela Noruega. Segundo informações que circulam na imprensa, o México será a sede da nova rodada de conversas, que deve começar no mês que vem.

Contudo, a aparente boa vontade de Maduro termina aí. Ele impôs quatro condições para ir à mesa de negociação: fim das sanções americanas e europeias à Venezuela; o reconhecimento por parte da oposição de todas as instituições políticas comandadas pelo regime; fim da “violência como mecanismo de coação usado por alguns elementos da direita e extrema-direita”; e que todos os setores políticos sejam incorporados ao diálogo. Esta última condição, abriria a porta para a participação da oposição branda, a mesma que aceitou participar das eleições legislativas no ano passado.

Além das exigências, a ditadura ampliou a perseguição à oposição. Na segunda-feira, a polícia política do regime - as Faes (Forças de Ação Especiais) - invadiu o prédio onde Guiadó mora.

Em outro ponto da cidade, no mesmo dia, as Faes prenderam Freddy Guevara, ex-vice-presidente da Assembleia Nacional da Venezuela e membro do mesmo partido de Guaidó, o Voluntad Popular. Guevara está sendo acusado de “atentado contra a ordem constitucional, associação para cometer um crime e traição à pátria”. Segundo o Ministério Público chavista, ele foi preso por “suas ligações a grupos extremistas e paramilitares associados ao Governo colombiano”.

A perseguição aos opositores não parou por aí. Na terça-feira, o presidente da Assembleia Nacional chavista, Jorge Rodríguez, pediu ao Ministério Público a captura do deputado Gilber Caro, do chefe do gabinete de Juan Guaidó, Luis Somaza, do líder da juventude do Voluntad Popular, Hasler Iglesias, e do coordenador político do mesmo partido, Emilio Graterón. Rodríguez disse, sem provas e repetindo um roteiro já usado em outras ocasiões para justificar prisões de opositores, que a oposição estava tramando uma tentativa de assassinato contra Maduro.

No dia seguinte, funcionários do regime tentaram prender o ativista do Voluntad Popular Javier González, mas, ao não encontrá-lo, prenderam a mãe dele, o irmão e o primo. No estado de Lara, o deputado de esquerda Jesús Superlano foi detido, segundo informou o secretário-geral do partido político Pátria Para Todos.

Líderes da sociedade civil também foram alvo do regime. Nesta semana, o Sebin, serviço de inteligência da ditadura, fez buscas na sede da ONG FundaRedes no estado de Táchira e na casa do diretor da organização, Javier Tarazona. A mãe de Tarazona ficou detida por várias horas. Jairo Pérez, membro da Cáritas e ativista da paróquia La Vega, nos arredores de Caracas, também foi preso. No início do mês, o regime já havia prendido três membros da FundaRedes.

Analistas acreditam que as detenções, as ameaças e o discurso de Maduro visam minar as negociações com a oposição representada por Guaidó.

“Por vários anos, Maduro tem tentado construir uma oposição sob medida. O que ele quer trazer ao México é a sua própria oposição, que é a que o tem acompanhado nos eventos eleitorais ocorridos na Venezuela e que não tem o apoio nem o reconhecimento da comunidade internacional”, disse à Voz da América José Vicente Carrasquero, professor de Ciências Políticas na Universidades Simón Bolívar.

Para o diretor do Centro de Estudos Políticos e de Governo da Universidade Andrés Bello, Benigno Alarcón Deza, as recentes detenções e a tentativa de prender Guaidó “mostram a natureza totalitária do regime e o cinismo com o que se aborda uma negociação promovida desde a comunidade internacional para evitar, justamente, o que estamos vivendo: a violência”.

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