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Moradores do vilarejo de Dogo Nahawa observam corpos sendo cobertos por sanitaristas. Desde 1999, 14 mil pessoas morreram em conflitos religiosos na Nigéria, segundo o International Crisis Group, da Bélgica | AFP
Moradores do vilarejo de Dogo Nahawa observam corpos sendo cobertos por sanitaristas. Desde 1999, 14 mil pessoas morreram em conflitos religiosos na Nigéria, segundo o International Crisis Group, da Bélgica| Foto: AFP

Goodluck Jonathan, um presidente improvável

As circunstâncias do acesso ao po­­der do presidente em exercício na Nigéria, Goodluck Jonathan, são tão estranhas que até ele pareceu confuso quando assumiu o país.

Ele não foi eleito. Ele não foi exatamente indicado. Ele não to­­mou o poder por um golpe, ao con­­trário de muitos de seus predecessores. Como um acadêmico de mo­­dos suaves num chapéu fedora pre­­to, ele parece bastante im­­provável no pesado ambiente da Nigéria.

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  • Veja onde fica o local do ataque

Pelo menos 528 agricultores cristãos da etnia berom foram assassinados desde sábado em conflitos com pastores muçulmanos da etnia fulani, no centro da Nigéria, o país mais po­­­­puloso da África. Em pelo menos três aldeias ao sul de Jos, capital do estado de Platô, ho­­mens, mu­­lheres e bebês foram cortados a golpes de machado e tiveram seus corpos queimados.

O presidente nigeriano, Go­­od­­luck Jonathan, ordenou que a po­­lícia nigeriana ficasse em es­­tado de alerta máximo para im­­pedir novos ataques. O Va­­ticano ma­­nifestou "dor e preocupação" pela "horrível violência", mas seu porta-voz, Fede­­ri­­co Lom­­bar­­di, evitou fazer co­­men­­tários de natureza étnica ou religiosa.

John Onaiyekan, arcebispo nigeriano da capital, Abuja, disse que a onda de violência é "um clássico conflito entre pastores e agricultores, só que, neste caso, os pastores são todos muçulmanos e os agricultores são todos cristãos". Segundo ele, as pessoas foram mortas "por reivindicações sociais, não por religião".

Peter Gyang, morador da al­­deia de Dogo Nahawa, a mais afe-­­tada pe­­los ataques, dis­­se que os pastores "dispararam para as­­sus­­tar as pessoas e, em seguida, mataram todos com golpes de machado". Segundo ele, o ataque começou às 3 h locais e du­­rou até as 6 h. Durante todo o período, "não foi visto nenhum policial".

Histórico

A região já estava sob toque de recolher das 18 horas às 6 horas desde janeiro, quando 326 pessoas morreram em enfrentamentos semelhantes nos arredores de Jos, segundo a polícia. Grupos de direitos humanos falam, entretanto, em mais de 400 mortos nos enfrentamentos do início do ano.

"Aparentemente, a ação es­­tava bem coordenada. Os agressores lançaram ataques de forma si­­multânea. Muitas casas foram queimadas", disse Sha­­maki Gad Peter, responsável por uma or­­ganização local de defesa dos direitos humanos, que percorreu as três aldeias afetadas pela onda de violência.

Outra testemunha disse que o grupo de pas­­tores que atacou as al­­deias ti­­nha entre 300 e 500 integrantes. Cen­­tenas de corpos ainda estavam jogados nas ruas, no do­­mingo, muitos deles sem mãos nem pés.

Dezenas de trabalhadores hu­­­­manitários vestindo luvas brancas, de borracha, trabalham na remoção dos corpos. Entre os mortos há muitas crianças. Os cadáveres estão sendo enterrados em funerais coletivos.

Desde 1999, pelo menos 14 mil pessoas morreram em choques étnicos e religiosos na Nigé­­ria, de acordo com o Interna­­tio­­nal Crisis Group, com sede em Bruxelas, na Bélgica.

O comércio das cidades de Platô está de portas fechadas des­­de sábado e a maioria dos mo­­­­radores permanece em suas ca­­sas, com portas e janelas fe­­cha­­das, temendo uma nova onda de ataques.

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