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Bandeira da Nova Zelândia é hasteada a meio mastro
Bandeira da Nova Zelândia é hasteada a meio mastro em um edifício do Parlamento em Wellington em 15 de março de 2019, após tiroteio em Christchurch | Foto: Marty MELVILLE/AFP)| Foto:

O número de pessoas mortas no ataque contra duas mesquitas na cidade de Christchurch, na Nova Zelândia, é maior do que o número de homicídios registrado no país geralmente, segundo estatísticas da polícia nacional. Nesta sexta-feira (15), um homem, munido de uma arma semi-automática, matou pelo menos 50 pessoas e feriu dezenas. Em todo o ano de 2017 foram cometidos 35 assassinatos (dados preliminares), uma taxa de homicídio de 7 a cada 1 milhão de pessoas. O último ano em que o número de assassinatos foi maior do que 50 foi em 2008, quando foram registrados 51.

A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, se dirigiu ao público na noite de sexta-feira, horário local, dizendo que este foi "um dos dias mais sombrios da Nova Zelândia".

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Três suspeitos estão sob custódia, e um homem, o único acusado de assassinato no caso, divulgou um manifesto em suas redes sociais insinuando a relativa tranquilidade na Nova Zelândia como um motivo para o ataque, cujo objetivo, segundo o manifesto, era mostrar "que em nenhum lugar do mundo estava seguro". Sua alegação ecoou comentários feitos pelo terrorista de extrema-direita norueguês Anders Breivik, que matou 77 pessoas – muitas delas adolescentes – em 2011. A Noruega tem aproximadamente a mesma população da Nova Zelândia e uma taxa de homicídio ainda menor.

A Nova Zelândia registrou alguns casos de residentes que se juntaram a grupos militantes jihadistas, mas a ameaça de ataques terroristas tem sido considerada baixa. O debate europeu sobre o ciclo de crimes atribuídos aos migrantes e à violência de direita é amplamente desconhecido na Nova Zelândia, onde a extrema direita permanece marginalizada. Em vez disso, as autoridades concentraram-se predominantemente em reduzir o número de indígenas encarcerados, que estão desproporcionalmente representados nas prisões do país.

Até recentemente, a polícia na Nova Zelândia não sentia a necessidade de transportar armas de fogo em serviço. No mês passado, no entanto, o distrito de Canterbury, na ilha sul da Nova Zelândia, rompeu com esse protocolo após uma série de incidentes que deixaram um suspeito à solta.

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Na época, o presidente da Associação Policial da Nova Zelândia, Chris Cahill, disse à Reuters que "mais e mais policiais estão encontrando criminosos com armas, então a menos que encontremos uma maneira de impedir que essas armas atinjam, nós não teremos outra escolha a não ser armar nossos oficiais".

A mídia local informou que cerca de 1,5 milhão de armas de fogo são mantidas por civis no país, com uma média de aproximadamente uma arma por três pessoas no país de cerca de 5 milhões.

Em seu manifesto, o homem acusado de assassinato implicitamente esperava por um debate sobre armas.

"Eu escolhi armas de fogo pelo impacto que teria no discurso social, a cobertura extra da mídia que eles proporcionariam e o efeito que isso poderia ter na política dos Estados Unidos e, portanto, na situação política do mundo", diz o manifesto. A esperança implícita era de que o debate poderia eventualmente aumentar as tensões entre os defensores dos direitos das armas e dos opositores, resultando em uma onda de violência pior do que um ataque ou grupo seria capaz de fazer.

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