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Agentes de patrulha da fronteira vigiam a cerca da fronteira México-EUA, em 13 de dezembro | GUILLERMO ARIAS/AFP
Agentes de patrulha da fronteira vigiam a cerca da fronteira México-EUA, em 13 de dezembro| Foto: GUILLERMO ARIAS/AFP

Uma menina de 7 anos da Guatemala morreu de desidratação e choque séptico (falência dos órgãos com origem em uma infecção) sob a custódia da Patrulha de Fronteira dos EUA, depois de cruzar do México para os Estados Unidos ilegalmente com seu pai e um grande grupo de imigrantes ao longo do remoto deserto do Novo México. 

É provável que a morte da criança intensifique o escrutínio das condições de detenção nas estações de Patrulha da Fronteira e nas instalações da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP, na sigla em inglês), que estão cada vez mais sobrecarregadas por um grande número de famílias que buscam asilo nos Estados Unidos. 

De acordo com os registros do CBP, a menina e seu pai foram detidos por volta das 22h de 6 de dezembro, ao sul de Lordsburg, Novo México, como um grupo de 163 pessoas que se aproximaram dos agentes americanos para se entregarem. 

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Mais de oito horas depois, a criança começou a ter convulsões, segundo mostram os registros da CBP. A equipe de emergência, que chegou logo depois, mediu sua temperatura corporal em 40,9°C e, de acordo com um comunicado da CBP, ela "supostamente não havia comido ou consumido água por vários dias". 

Depois de um voo de helicóptero para um hospital infantil em El Paso, a criança teve uma parada cardíaca e "foi reanimada", segundo a agência. "No entanto, a criança não se recuperou e morreu no hospital menos de 24 horas depois de ter sido transportada", disse o CBP. 

A agência não divulgou o nome da menina ou de seu pai, mas o pai permanece em El Paso à espera de uma reunião com autoridades consulares guatemaltecas, segundo a CBP. A agência está investigando o incidente para garantir que políticas apropriadas sejam seguidas. 

Alimentos e água são normalmente fornecidos aos migrantes sob custódia da Patrulha de Fronteira, e não está claro, por enquanto, se a menina recebeu provisões e passou por um exame médico antes do início das apreensões. 

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"Nossas sinceras condolências vão para a família da criança", disse o porta-voz do CBP, Andrew Meehan, em um comunicado ao Washington Post. 

"Agentes da Patrulha da Fronteira tomaram todas as medidas possíveis para salvar a vida da criança sob as mais difíceis circunstâncias", disse Meehan. "Como pais e mães, irmãos e irmãs, temos empatia com a perda de qualquer criança".

A agência disse que estava esperando a autópsia da morte da menina, mas os resultados provavelmente não estarão disponíveis por várias semanas. Um diagnóstico inicial feito por médicos do hospital onde ela foi atendida listou a causa da morte como choque séptico, febre e desidratação, segundo o CBP. 

A ONG União Americana pelas Liberdades Civis (Aclu) culpou a "falta de responsabilidade e uma cultura de crueldade dentro da CBP" pela morte da menina. "O fato de que levou uma semana para vir à luz mostra a necessidade de transparência para o CBP. Nós pedimos uma investigação rigorosa sobre como esta tragédia aconteceu e sérias reformas para evitar futuras mortes", disse Cynthia Pompa, diretora de defesa do Centro de Direitos da Fronteira da Aclu em um comunicado. 

Imigração de famílias

Embora grande parte da atenção política e da mídia tenha se concentrado nas últimas semanas nas caravanas de migrantes que chegaram à fronteira entre Tijuana e San Diego, um grande número de centro-americanos continua atravessando a fronteira para o Texas, o Arizona e o Novo México. Os grupos às vezes passam dias em esconderijos de contrabandistas ou caminham por áreas remotas com pouca comida ou água antes de chegar à fronteira. 

 As prisões de migrantes viajando em grupos familiares dispararam este ano. Autoridades da Secretaria de Segurança Interna dizem que decisões judiciais que limitam sua capacidade de manter famílias em detenção produziram um sistema de "captura e liberação" que encoraja imigrantes a trazerem crianças como escudo contra a detenção e deportação.

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Em novembro, agentes da Patrulha da Fronteira prenderam um recorde de 25.172 "membros de unidade familiar" na fronteira sudoeste - incluindo 11.489 no setor de Patrulha Fronteiriça do Vale do Rio Grande, no sul do Texas, e 6.434 no setor de El Paso, que abrange o extremo oeste do Texas e Novo México. 

Os migrantes que viajavam como parte de um grupo familiar foram responsáveis por 58% dos detidos no mês passado pela Patrulha da Fronteira. 

Na terça-feira, o comissário da CBP, Kevin McAleenan, disse em depoimento ao Comitê Judiciário do Senado que as celas da agência são "incompatíveis" com a nova realidade de pais com crianças que cruzam a fronteira em massa para se entregarem a agentes, pedindo asilo. 

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"Nossas estações de patrulha de fronteira foram construídas há décadas para lidar com a maioria dos adultos solteiros do sexo masculino sob custódia, e não famílias e crianças", disse McAleenan aos parlamentares. 

 A pequena estação de patrulha da fronteira em Lordsburg recebeu um grupo de 227 migrantes na quinta-feira, de acordo com a CBP, depois de receber um grupo de 123 na quarta-feira. Ambos os grupos – extremamente grandes para os padrões do CBP – consistiam principalmente de famílias com crianças, de acordo com a agência. 

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