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Enquanto brasileiros retornam, outros turistas ainda aguardam seus vôos no aeroporto internacional de Suvarnabuhmi | Hoang Dinh Nam / AFP Photo
Enquanto brasileiros retornam, outros turistas ainda aguardam seus vôos no aeroporto internacional de Suvarnabuhmi| Foto: Hoang Dinh Nam / AFP Photo

Um misto de alívio e cansaço. Essa foi a sensação de um grupo de cerca de 50 brasileiros ao desembarcar por volta das 16h45 de quinta-feira (4) no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, depois de encarar uma longa maratona, de cerca de 40 horas de estradas e vôos, desde Bangcoc, capital da Tailândia.

Os brasileiros, sendo alguns turistas e outros que viajavam a trabalho, ficaram retidos neste país asiático cerca de uma semana depois que milhares de manifestantes de oposição ao governo local ocuparam e fecharam os principais aeroportos, suspendendo o tráfego aéreo.

Um grupo de turistas que estava retido em um hotel na capital tailandesa conseguiu viajar na manhã desta quarta-feira (3) a partir da base aérea militar de Utappao, a cerca de duas horas e meia de ônibus de Bangcoc. Outros brasileiros, que estavam no país a trabalho, encararam uma viagem de ônibus de 25 horas até a Malásia, país vizinho, de onde pegaram o avião para Hong Kong e depois Johanesburgo, na África do Sul.

Uma brasileira, uma modelo de apenas 16 anos, que estava morando há três meses na Tailândia, no entanto, deixou um drama para trás para passar a viver outro aqui no Brasil. Evelyn Machriz é natural do Balneário Camburiú, em Santa Catarina, onde ainda mora sua família – ou ao menos morava. Ao chegar ao Brasil, a jovem modelo não sabia se iria para sua casa ou para a de familiares em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul.

"Minha cidade foi atingida pelas enchentes. Então, toda a minha família foi para Passo Fundo. Ficou apenas a minha irmã no Balneário, por causa das aulas na faculdade. Mas me disseram que suspenderam as aulas. Sai do drama de Bangcoc e vim para o drama de Santa Catarina", disse.

Enquanto esteve no exterior, Evelyn procurou se manter informada sobre o que estava acontecendo em seu estado. "Falava com minha mãe por telefone toda hora. Ela me contava os problemas que estavam enfrentando e eu contava as minhas dificuldades para conseguir sair de Bangcoc. Agora que estou aqui não consigo parar de sorrir", afirmou, exibindo todo o seu alívio, mesmo não sendo recepcionada por amigos ou familiares na chegada.

Apesar dos percalços enfrentados na Tailândia, a jovem modelo guardou uma boa impressão do país. "Foi maravilhoso. A Tailândia é linda", disse.

Outros dois jovens modelos, os irmãos gêmeos Bruno Luís Amaral e Leonardo Augusto Amaral, de 20 anos, encontraram bem mais dificuldades para deixar Bangcoc, onde trabalhavam já há três meses. Segundo a mãe deles, Ana Paula Amaral, de 38 anos, que os aguardava ansiosa, os filhos tiveram que pegar um ônibus para a Malásia para saírem do país – uma viagem de 25 horas.

"Quando conversei com eles, falaram pouco e não deram muitos detalhes sobre o que estava acontecendo, porque sabem como é mãe. Mas em um dado momento da conversa, o Bruno me disse: 'mãe, me tira daqui'. Não tem como não se preocupar", contou, enquanto aguardava o desembarque dos filhos.

Para piorar o drama, durante a viagem de ônibus Bruno passou mal depois de comer algo, possivelmente estragado. "Ele foi vomitando a viagem inteira", relatou Leonardo. Apesar disso e da longa maratona de volta, o estresse maior foi gerado mesmo pela ansiedade por reencontrar os familiares.

"Já estávamos lá na Ásia há mais de um ano e justamente quando marcarmos o vôo de volta o aeroporto foi fechado. O estresse era porque não conseguíamos pegar o avião, mas em momento algum presenciamos algum protesto ou cena mais violenta", disse.

Do grupo de turistas que excursionava pela Ásia, a professora Maria Lúcia Kopruszinski, de 47 anos, foi quem mais demonstrou sua insatisfação com a situação difícil pelo qual passou. Não pelos incidentes políticos na Tailândia, mas pela falta de ação da embaixada brasileira no país. "Ligamos várias vezes e fomos pessoalmente duas vezes à embaixada em Bangcoc. Mesmo assim, não deram qualquer apoio. Foi a agência de viagem que arcou com as despesas a mais que tivemos no hotel de lá", afirmou.

O médico aposentado Henrique Thiessen, que estava na mesma excursão, confirmou que a agência bancou as despesas extras no hotel. E que, apesar de o retorno para o Brasil ter sido adiado por alguns dias, quase não vivenciou momentos de tensão na Tailândia. "O hotel ficava longe do aeroporto e só víamos o que acontecia pela televisão. A tensão aqui é maior do que lá. Estávamos em um hotel cinco estrelas, comendo bem e tomando banho de piscina", brincou, logo após abraçar as filhas Tânia e Simone, que aguardavam aflitas o desembarque dos pais em Cumbica.

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