Em seu pronunciamento na Assembleia Geral das Nações Unidas, proferido nesta terça-feira (26) em Nova York, a ditadura da Nicarágua exigiu o pagamento de uma indenização por parte dos Estados Unidos e elogiou a agressão russa à Ucrânia.
O ministro das Relações Exteriores, Denis Moncada, leu na tribuna uma mensagem assinada pelo ditador Daniel Ortega e pela primeira-dama e vice-presidente, Rosario Murillo.
Apesar da perseguição implacável do regime sandinista a opositores, organizações da sociedade civil e à Igreja, Moncada afirmou que a Nicarágua “continua a travar todas as batalhas da liberdade genuína, de luz e de verdade que não podem ser ocultadas”.
Em seguida, acusou as Nações Unidas de terem se transformado “numa organização de servidão e dependência das grandes potências” e exigiu que a entidade faça cumprir uma ordem do Tribunal Internacional de Justiça de Haia, que em 1986 condenou os Estados Unidos a ressarcir a Nicarágua, “pelo menos em parte”, pelos “custos da destruição, da agressão permanente, da dor e do sofrimento de centenas de milhares de famílias, durante a guerra insana e vingativa imposta ao nosso país e ao nosso povo, naquela que foi chamada de contrarrevolução” – numa referência à ação dos Contras, apoiados pelos americanos, que lutaram contra o regime sandinista após a revolução de 1979.
Por fim, Moncada leu uma série de mensagens de solidariedade a outras ditaduras – Cuba, Venezuela, China, Coreia do Norte, Belarus e Irã – e dedicou um grande trecho à Rússia, que no ano passado iniciou uma guerra contra a Ucrânia.
“A nossa força de solidariedade e combate às lutas heroicas travadas pela Federação Russa, pela paz e segurança, por um mundo que todos devemos defender das crescentes ameaças dos impérios, e das suas políticas neonazistas, dos seus emblemas e conteúdos fascistas, que pretendem devolver-nos à absurda perversão das guerras expansionistas e da dominação, que deixaram milhões de mortos e famílias destruídas em todo o mundo”, disse Moncada.
Para quem afirma que a Nicarágua, uma das ditaduras mais infames do mundo, luta pela liberdade, elogiar a Rússia pelos seus esforços “pela paz e segurança” não deixou de ser coerente.
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